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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

APENAS UMA PASSAGEM


A morte é nada. Ela não conta. Eu só tenho que escapulir para a próxima sala. Nada aconteceu.
Tudo permanece exatamente como foi.
Eu sou eu e você é você, e a antiga vida que vivemos tão carinhosamente juntos permanece intocável, imutável.
(...)  Chame-me pelo antigo nome familiar. Fale de mim da maneira mais fácil que você sempre usou. Ria como sempre riu das piadas que desfrutamos juntos. (...) Reze por mim.
Deixe que meu nome seja sempre a palavra ‘casa’ que sempre foi. (...) A vida significa tudo o que ela sempre significou. É o mesmo que sempre foi. (...) Por que eu deveria estar fora da mente, porque eu estou fora da vista? Estou esperando por você, em algum lugar muito próximo.
Tudo está bem. Nada está ferido, nada está perdido. Um breve momento e tudo será como era antes. (...)"
Henry Sscott Holland (1847-1918), pároco da Catedral de St. Paul (Londres) e professor de Teologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
*A autoria da passagem acima é controversa. No Brasil é comumente conhecida como “Oração de Santo Agostinho”, (354-430), Bispo de Hipona.
Há versões semelhantes atribuídas ao padre italiano Giacomo Perico (1911-2000), e à escritora de língua inglesa  – ainda viva – Rosamunde Pilcher (1924) 

Eu sinto: tenho um “profundo “sentimento de urgência” em relação à vida.
De ler mais, de escrever mais, de amar mais.
Mas não é medo da morte – sim, apenas uma passagem ou travessia.
Não serei hipócrita: sim, tenho medo da dor.
Olhando as belas árvores bem perto da janela do meu apartamento no Planalto Central do Brasil, que sempre amei olhar, o canto dos pássaros de manhã cedo e no final da tarde, os ninhos que eles fazem para se protegerem –tudo isso dá uma vontade de ficar. Ninguém quer ir.
Enquanto não atravesso, contemplo os rostos amados.
(Não compreendo certas coisas: pessoas que se dizem – com tremenda convicção – católicas ou evangélicas – terem medo da morte.
Se acreditam sinceramente que depois da nossa passagem terrestre há um céu ou algo semelhante, não deveriam ter medo.)
Seria um paraíso em relação à vida na terra, cheia de injustiças, problemas, cobiça, inveja, ódios, drogas, violência etc.
Mas a VIDA  é maior do que todos esses problemas.
Meu pai sempre dizia aos filhos: “estejam sempre preparados”.
Para partir – para as plagas que não conhecemos.
Deveríamos nos preparar, porque “tudo isso aqui” é apenas uma travessia, uma passagem.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA (falecido em 29 de Julho de 2019)

Nota: Texto que me foi remetido pelo Emanuel em Maio de 2018 e, segundo a então informação sua, também publicado no Blogue GRUPO ADVOCACIA & JUSTIÇA.

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