Póvoa
de Varzim, local muito próximo ao Porto, portanto, fins-de-semana, desde que
disponíveis, de fácil deslocação. Para o retorno ao Quartel – denominado de Grupo de Companhias de Administração Militar
– era suficiente sair de casa às 6 horas da manhã de segunda-feira. Aulas
teóricas consecutivas, das mais diversas matérias: Nutrição e Higiene,
Contabilidade Militar, Transmissões, Armamento, Topografia, Manuseamento de
Material Específico, e, obviamente, Aplicação Militar – que era ministrada fora
das instalações do aquartelamento, junto à frontaria do Hospital, à vista do
público passante. O Quartel era de dimensões muito reduzidas razão por que cada
um de nós teve que alugar um quarto no exterior. Estávamos autorizados a trajar
à civil depois do chamado Toque de Ordem (fim dos serviços diurnos normais),
exceto na entrada e saída da Unidade, pelo que podíamos usufruir da beleza e
encanto daquela cidade como meros cidadãos vulgares. Hoje a Póvoa de Varzim tem
um Quartel completamente novo para onde foram centralizados todos os diversos
ramos englobantes deste Serviço do Exército, transferidos do Lumiar, em Lisboa,
que foram lá extintos.
Periodicamente,
para adestramento no fogo, íamos à Carreira de Tiro em Espinho, transportados
em Camiões, nos conhecidos “Matadores”.
Carreira
de Tiro a utilizar pelas Unidades do Norte que não possuíam uma própria. O tiro
com a Metralhadora Pesada Browning
era feito diretamente para o mar, pelo que previamente era transmitido às
autoridades marítimas a devida informação a fim de ser feita a interdição de
circulação de embarcações naquele espaço de água.
Testes
e mais testes, que nos obrigavam a um estudo aprofundado, mais parecendo uma
Faculdade. A obtenção duma boa nota final era importante porque a Escala de
Mobilização era iniciada pela nota mais baixa. Todavia, como, à priori, os serviços competentes do
Exército sabiam já qual o número de efetivos necessários para formar Batalhões
e Companhias Independentes destinadas a África ou Províncias em outras paragens,
e só era remetido para as Especialidades um quantitativo de militares próximo
ao apurado – os restantes iam todos para Atiradores das mais diversas Armas –, pouco
ou nada resultava obter a nota mais alta porque se seria sempre mobilizado.
Poderia até ser contraproducente, por se correr o risco de se acabar por ser
mobilizado mais tarde, em Rendição Individual, o que era prejudicial porquanto
os dias de viagem não contariam para o tempo da Comissão.
Marchas
finais e passagem duma semana inteira em mata apropriada, simulando-se um
teatro de operações.
Findo o mês de setembro, fim da Especialidade.
Separação dos camaradas de ofício e sua distribuição pelas diversas Unidades do
País, mas já com subsequente mobilização assegurada pela certa. Encontrar-nos-íamos
ou em África ou ainda na Metrópole, nas Unidades já mobilizadas nas quais
seríamos integrados.
Carlos Jorge Mota