CPLP

CPLP
CPLP

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

"BOLHAS DIGITAIS” E OUTROS TEMAS

“BOLHAS DIGITAIS” E OUTROS TEMAS
(E MARILLE FRANCO E ANDERSON GOMES)

Michiko Kakutani – que foi crítica literária do “New York Times” por quase quatro décadas –medita sobre a “erosão do valor dos fatos e do conhecimento, na Era Trump.
Autora do livro “A Morte da Verdade”, ela afirma, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, que “a ascensão da subjetividade e os ataques acelerados aos fatos são resultado de várias dinâmicas simultâneas, incluindo o argumento pós-moderno de que não existe verdade objetiva”.
Isso vale para o Brasil de hoje.
Para ela, as redes sociais contribuíram para isolar as pessoas em “bolhas”, conversando só com pessoas que pensam como elas e expostas apenas a informação que tende a ratificar crenças preexistentes.
Kakutani adverte que ”outros fatores deram combustível à ascensão do populismo nesta era em que a globalização, as mudanças tecnológicas (...), criaram ansiedades em pessoas que temem perder seu emprego e seu status – ansiedades que as fazem suscetíveis a apelos de políticos inescrupulosos à raiva e ao medo”.
Além disso, ESTAMOS ATORDOADOS PELA SOBRECARGA DE INFORMAÇÕES.
O (suposto) triunfo da democracia liberal deu lugar a um ressurgimento do autoritarismo ao redor do mundo – do qual não escampamos.

A DEMONIZAÇÃO DA DIFERENÇA
Junto com a negação da verdade, num clima de histeria coletiva, ocorre a DEMONIZAÇÃO de quem pensa diferente, das minorias e dos setores mais vulneráveis da sociedade.
MESMO CORRENDO O RISCO DE USAR PALAVRAS DESGASTADAS PELO USO CONTÍNUO, PERCEBE-SE CLARAMENTE O RENASCIMENTO DO FASCISMO E DO NEONAZISMO.
Ataques virulentos são feitos ao que é diferente da “norma”.
É O TRIUNFO COMPLETO DO ANTI-INTELECTUALISMO.
Como ocorre diariamente nos EUA com Trump – desqualificando brutalmente trabalho da imprensa séria –, tais ecos já são sentidos no Brasil.
Como disse Katherine Graham, que foi “Publisher” do jornal “The Washington Post” na era Watergate, “NOTÍCIA É AQUILO QUE ALGUÉM DESEJA SUPRIMIR. O RESTO É PUBLICIDADE”.

MARIELLE E ANDERSON
Muitos já fizeram e fazem a mesma pergunta: os assassinos da vereadora MARIELLE FRANCO do motorista ANDERSON GOMES serão punidos?
Faz mais de oito meses da morte de Marielle e de Anderson (em 14 de março de 2018) e a impunidade perdura.
O general Richard Nunes, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, afirmou, no dia 21 de novembro, que milicianos e pessoas ligadas ao poder público e ao meio político tramaram a sua morte.
De acordo com ele, os principais suspeitos do complô já foram identificados e a polícia está agindo de forma cautelosa para embasar a condenação dos suspeitos pela Justiça.
Esperamos que os assassinos e mandantes – mesmo com influência, dinheiro e poder que detenham – sejam presos , julgados e punidos.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sábado, 24 de novembro de 2018

ESCOLA SEM PENSAMENTO. ESCOLA SEM PARTIDO

ESCOLA SEM PENSAMENTO
ESCOLA SEM PARTIDO

EM MEMÓRIA DO PROFESSOR XAVIER – MEU PAI E REFERÊNCIA ILUMINADORA
PARA LÍDIA LOPES MIRANDA (QUERIDA COMADRE) E BAILON TAVEIRA VILA NOVA – HUMANISTAS E COMPETENTES PROFESSORES
EM MEMÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA

“Teremos um governo que procurará levar as pessoas a acreditar que o verdadeiro responsável pela crise nacional (...) não é o sistema financeiro nem a classe política e seus movimentos suicidas. O verdadeiro responsável pela crise nacional é o professor de história. (...). Tudo isso nos mostra como essa regressão que o Brasil vive é o segundo capítulo de uma história que começou com na ditadura militar. (...) Isso é apenas uma prova de que, como diz Freud, nunca se vive totalmente no presente. (...). Nessa forma de conflito, nem os mortos estão salvos.”
(VLADIMIR SAFATLE)
(...) “O neonazifascismo teocrático chegou. Se a bancada da Bíblia é insuficiente, pelo menos por ora, o tripé firma-se bem sólido: os bois do agronegócio, com o poder econômico; as balas dos armamentistas, com o poder da intimidação; e as Bíblias dos evangélicos, para alimentar o mito messiânico”.
(JORGE COLI)
Na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o general fascista/falangista Millan-Astray proclamou: “ABAIXO A INTELIGÊNCIA! VIVA MORTE”
É isso o que queremos?
Vamos ser claros: os defensores do programa ”Escola sem Partido” renegam o pensamento, têm pavor da inteligência.
Preferem a barbárie à civilização.
Joel Pinheiro da Fonseca adverte que o chamado programa Escola sem Partido funcionará como uma mordaça aos professores, “que se sentirão permanentemente vigiados e passíveis de punição se demonstrarem qualquer preferência ideológica e política” (..).
Como disse alguém, professores são um perigo, “não porque eles façam nossas crianças pensarem isso ou aquilo, mas porque as fazem pensar”.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?

O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?
 
TORTURA (TORTURADORES)

“DA NÃO ESCRITA TEORIA DOS SONHOS”

“Os torturadores dormem tranquilos têm sonho cor-de-rosa/os bonachões genocidas a quem já perdoou/a curta memória humana (...)
O sino da memória não desperta fantasmas nem pesadelos/o sino da memória repete a grande absolvição./
Por que o sonho – o refúgio de todos os seres humanos/recusa a sua graça às vítimas da violência/ por que à noite sangram entre lenços limpos/e entram nas suas camas como nas câmaras de torturas/como na cela da morte como na sombra da forca/afinal eles também tiveram uma mãe e viram o bosque a clareira a macieira em flor a rosa/quem baniu tudo isso dos recônditos das almas(...).
Então por que seus rugidos despertam de noite os familiares inocentes/e irrompem mais uma vez numa fuga insana/batendo a cabeça na parede e depois não dormem mais/fitando obtusamente o relógio que nada mudará/o sino da memória repete o grande pavor/o sino da memória imutavelmente soa o alarme/
Deveras é duro confessar que os torturadores venceram as vítimas para toda a eternidade da vida já estão derrotadas/
Assim precisam por si mesmas conciliar-se com este castigo sem culpa/ (...)
Não existe mais o lugar para prestar queixa/vereditos inconcebíveis profere o tribunal dos sonhos”
ZBIGNIEV HERBERT (1924-1998) – considerado um dos principais nomes da literatura polonesa no século 20

Nos trópicos, todos eles torturadores) dormem ou dormiram tranquilos Ou morreram com lençóis limpos, homenageados por altos hierarcas – sempre reverenciados.
Aqui: a impunidade perpétua que reina neste país, onde a escravidão ainda está internalizada e enraizada nos corações e mentes.
Não falo do Chile, do Uruguai, da Argentina.
Sempre “conciliamos por cima” e endeusamos o deus ”mercado”.
Quando comemoramos os 30 anos da Constituição de1988, o presidente do STF, aproveita para dizer que o golpe, a ditadura e o regime militar de 1964, foram apenas um “movimento”.
É um escárnio à História e às vítimas da ditadura. IGNORÂNCIA?
Em 1979, o governo militar promulgou a Lei de Anistia, que concedeu perdão (indulto) a “militares envolvidos em violações aos direitos humanos anteriores àquela lei”.
De certa forma, foi a completa consagração da impunidade
As palavras do presidente do STF “revelam um total desconhecimento da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A CNV concluiu que detenções ilegais e arbitrárias não constituíram “excessos” ou ”abusos”, “mas sim uma política de Estado, com uma cadeia de comando”.
A CNV identificou 434 casos de mortes e desaparecimentos de pessoas sob a responsabilidade do Estado durante o período de 1946-1988, conforme artigo assinado por José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso.
Uma forte onda autoritária – onde alguns partidos neofascistas e neonazistas integram coalizões governamentais- – varre a Europa.
E para tristeza (não DESISTÊNCIA) nossa, chegou ao Brasil.
“Esse revisionismo negacionista da ditadura de 1964, constrangedoramente, vai ao encontro desta onda”, afirmam os autores citados.
(Então não me peçam: “deixe de falar sobre temas dolorosos ; precisamos esquecer tudo”.)
Parafraseando Friedrich Nietzsche: a mim não foi concedido o benefício do esquecimento.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 6 de novembro de 2018

MÍDIAS SOCIAIS (OU ANTISSOCIAIS?)

MÍDIAS SOCIAIS (OU ANTISSOCIAIS?)

Muitos acreditam que a disseminação feroz das mídias sociais, em muitas ocasiões, está LIBERANDO OS PIORES INSTINTOS DO SER HUMANO.
A raiva, a inveja, o preconceito, a perversidade, a covardia de "falar" anonimamente" (mesmo podendo ser descoberto).
Nega a divergência, afeta A DEMOCRACIA COMO VALOR UNIVERSAL, faz brotar a intolerância, o espírito inquisitorial, o ódio ao diferente e a repulsa ao pobre.
São tempos difíceis. A intolerância varre o mundo, não só o Brasil.
Pessoas recebem mensagens e não checam. Repassam. Destroem reputações.
Será um projeto que une intolerância religiosa neopentecostal, violência policial contra os setores mais marginalizados, e formação de um poder hegemônico e totalitário (massacre de indígenas, hipertrofia e hegemonia total do agronegócio - por exemplo).

Outros, vão mais além e dizem que, em certo sentido, a internet está diluindo ou exterminando a DIMENSÃO TRANSCENDENTAL DO SER HUMANO.
Creio que não é a internet - inquestionável avanço. MAS O USO QUE SE FAZ DELA.
É UM PROBLEMA NOSSO, DO HOMEM, DO HUMANO.

OU MUDAMOS OU PERDEREMOS TODA A DIMENSÃO QUE ENGRANDECE O QUE CHAMAMOS DE  "VIDA": o respeito ao outro, a generosidade, a solidariedade e a compaixão - E A DEFESA INTRANSIGENTE DA DEMOCRACIA.
CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA