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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

AGREGAR

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“Não Matarás”: não basta.
Teu mandamento será este: farás tudo para que o outro viva.
É vero sim o que quero:
não me importa o estoque de teu capital, Brasil,
mas tua capacidade de: amar
lavrar
aspirar
compreender.
Esse estatuto de miséria não é o nosso,
e a tecnologia da última geração não me sacia:
meu coração navegador quer mais.
A Ética – cuspida, debochada, no reino do simulacro,
Virou produto supérfluo porque não tem valor contábil.
Tempo dessacralizado e sem utopia:
a esperança é um cavalo cansado?
A aventura acabou no mundo?
Seremos apenas meros grãos de areia na imensa praia global?
Habitantes de um mundo virtual neste mercado sem cara?
Soará pomposo, eu sei:
não deixemos que nos amputem a alma
(e que acolhamos o outro).
Ser gente: não mera massa abúlica, informe, com os olhos colados
no retângulo luminoso de todas as noites.
O tempo é apenas dos alpinistas sociais?
Sou bom porque apareço, não apareço porque sou bom.
Na internet, a solidão é planetária.,
mas do abismo – fragmento – irrompe um menino eterno,
e sentes o cheiro de uma manhã fundadora.
(A Morada do Ser é mais importante que o poder/glória.)
E o poema resiste,
singra a eternidade,
despista a morte,
seu estatuto não é mercantil.
Já não esqueces o essencial:
Na estrada de pó e de esperança, acolhes o outro.
*Este texto obteve o Primeiro Lugar no Concurso Nacional de Poemas,
promovido pela Associação de Cultura Luso-Brasileira, de Juiz de Fora,
Minas Gerais, sendo contemplado com a Medalha de Ouro “Jacy
Thomaz Ribeiro.”

Emanuel Tadeu Medeiros Vieira

domingo, 19 de agosto de 2018

APRENDI

APRENDI
                  EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
“APRENDI QUE NÃO POSSO EXIGIR O AMOR DE NINGUÉM. POSSO APENAS DAR BOAS
RAZÕES PARA QUE GOSTEM DE MIM  E TER PACIÊNCIA PARA QUE A VIDA FAÇA O RESTO”
                                   (WILLIAM SHAKESPEARE)
“ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO CINZENTO, OBSCURO. E É IMPORTANTE ALGO QUE N0S CONFORTE (...). NÃO SINTO-ME  REPRESENTADO POR NINGUÉM
                                (SELTON MELLO)
                         (Ator e diretor de cinema)
        “NÃO SOMOS SALAFRÁRIOS. SOMOS EXCELÊNCIAS
                (DEPUTADO JÚLIO LOPES – PP-RJ)
Esfarela-se  o tempo e a sensação (no inconsciente coletivo) é de falência das utopias, de miséria espiritual, de degradação de valores, de descrença quase absoluta na transformação do país pela via institucional.
(É claro que não estou falando em luta armada. De novo? Não.)
Saquearam o país. É um tempo no qual os “piratas” mais fortes fazem tudo o que não é lícito  para manterem-se no poder.
Isso é novo? Sempre existiu?
 Talvez não tenha ocorrido com tanta desfaçatez e falta de cerimônia.
Muitos já buscam outros caminhos, como a Espiritualização em diversos igrejas ou cultos.
Ou caem no cinismo: “São todos iguais” – em um nivelamento geral por baixo.
O deputado citado acima, que votou a favor da absolvição de Temer contra a denúncia da Procuradoria-Geral da República, diz que ele e outros não são salafrários (poderia dizer velhacos, patifes). São excelências –  garante.
Ou será que aquilo que ocorreu naquela noite de horror, no fundo, seja uma metáfora da sociedade brasileira?
Da cultura do jeitinho, da valorização da “esperteza” (não da criatividade), do hábito de atravessar sinais vermelhos, de ocupar vagas de idosos e deficientes, de furar filas, de ter a volúpia do calote – de uma cultura que quer tudo sem esforço e renega o mérito?
Dos idiotizantes programas de auditório, do xingamento e ferocidades nas redes sociais?
E o tempo não cessa, na angústia da ampulheta que não para de escoar areia, em uma sucessão interminável de instantes – como tantos já constataram (nada digo de novo).
Posso deixar de interessar-me pela Política, mas ela não deixará  de se interessar por mim.
Nosso olhar é medido pelo olhar do outro.
É preciso que nos encantemos com as coisas simples e belas do cotidiano – é necessário construir o destino que só a nós pertence.
Tudo que não tem valor contábil parece repudiado pela sociedade na qual vivemos: amizade, amor etc. (mas sem eles, nossa vida fica pobre, carregada de penúria amorosa e espiritual).
Sem querer ser piegas, nota-se um déficit de ternura no mundo (não só nas contas do governo...).
Não há internet ou geringonça eletrônica que sacie.
Estão todos insatisfeitos e muitos procuram, desesperadamente, o caminho da celebridade.
Fútil, vã – também passageira.
Troquei de assunto? E por que citei Skakespeare numa das epígrafes?
Não sei: talvez, para dar um alento à aridez do mundo, para tentar reconquistar algum espaço para a esperança – ou para utopia.
Mas, afinal, o que quis dizer?
Que cada um exerça plenamente suas convicções, seguindo o imperativo categórico kantiano: fazer o bem.
Somos meros grãos de areia na imensa praia global? Somos.
Mas algo –– sempre poderemos fazer, seja na “arma” da palavra ou em outra atividade, sem buscar álibis compensatórios (que sabemos ser mentiras)*
*EM TEMPOAqui vai nossa modesta solidariedade ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot – homem de bem, devotado ao seu digno trabalho, competente e pessoa de caráter – que tem sido atacado de maneira vil e ferozmente por gente que conhecemos: os eternos defensores da impunidade para o “andar de cima”, para os poderosos que mandam no país desde o seu descobrimento.
Um dos furiosos atacantes é ministro do STF – que alguém qualificou de “Rasputin do PSDB” – vaidoso ao extremo, que adora um holofote, e ama falar fora dos autos.
Não me esqueço do que disse dele o ex-ministro Joaquim Barbosa: “Não tenho medo de vossa excelência nem dos seus capangas”. Nem nós.
 (Salvador, agosto de 2017). 

terça-feira, 7 de agosto de 2018

PARA TODOS OS QUE AINDA ACREDITAM NA VITÓRIA DA DEMOCRACIA, DA COMPAIXÃO E DA JUSTIÇA

PSB COM PMDB OU DEM?”
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Para todos que ainda acreditam na vitória da Democracia, da Compaixão e da Justiça
Correto: quando Temer diz “caríssimos” deputados é isso mesmo que quer dizer
                                         (RR)
Vamos ao que interessa.
Não estou – no o texto abaixo – demonizando o Parlamento ou deputados.
Parece que as pessoas não mais  impressionam-se  ou  espantam-se com mais nada.
Sem invocar qualquer mérito pessoal, ouso dizer QUE EU AINDA IMPRESSIONO-ME  E
ESPANTO-ME.
Pelo noticiário, os partidos PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e DEM  (Democratas) estariam agindo intensamente para trazer deputados do PSB (Partido Socialista Brasileiro) para os seus respectivos ninhos.
Perceberam?
Na sigla PSB está inscrita a palavra “SOCIALISTA”.
O que um verdadeiro socialista teria ver com PMDB (de hoje) ou DEM (antigo PFL – costela da antiga ARENA)?
Nada. São incompatíveis.
O PSB – socialista e democrático  –foi fundado em 1947, como partido da chamada “Esquerda Democrática”, sendo extinto por força do Ato Institucional número dois, de 1965.
As ideias não importam mais?
Sei que não (para muitos).
É tudo um mercado? Um vale-tudo?
Muitos já não se preocupam-se mais em usar máscaras.
É tudo às claras.
“A vida É uma roleta”– frase que poderia estar na letra de tango ou de bolero...
É Poder pelo Poder.
(É preciso ler e reler sempre “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1469-1527), obra prima da ciência política ––, que resiste a todos os séculos.)
Aonde chegamos?
Horror, horror, horror, como diria o personagem Kurtz,  de “Coração das Trevas” (“Heart of Darkness”) – muitas traduções  optam  por “No Coração das Trevas”) – obra-prima de Joseph Conrad (1857-1924), publicada em 1902.
Sim: podem me chamar de moralista ou de romântico –  um tipo que ainda se espanta.
Como disse alguém, Temer e turma querem ficar no navio tocando o violino do Titanic...
Apesar de tudo, termino com um pensamento – se ele parecer sentimental demais ou meloso discurso de autoajuda, peço perdão:
Só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito.
Um se chama ontem e o outro se chama amanhã.
 Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”.
                                           (Dalai Lama)
(Salvador, julho de 2017)   

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

CASO HERZOG: MINISTÉRIO PÚBLICO REABRE INVESTIGAÇÃO

CASO HERZOG: MINISTÉRIO PÚBLICO REABRE INVESTIGAÇÃO
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
“Num momento histórico de divulgação desenfreada de informações, a investigação histórica, comprometida com a fidedignidade, é fundamental”
(Marieta Ferreira)
Após a Corte Interamericana dos Direitos Humanos condenar o Brasil no começo de julho de 2018, por não investigar e punir o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, o Ministério Público – em 30 de julho – reabriu as investigações sobre o caso.
Uma investigação anterior do MP sobre a morte do jornalista,havia sido arquivada em 2009, com base na Lei de Anistia  de 1979, que “perdoou todos os que cometeram crimes” relacionados à ditadura militar

Porém, após duas condenações do Brasil pelo tribunal de direitos humanos – a primeira em 2010, pelo desaparecimento de 62 pessoas na Guerrilha do Araguaia, a segunda agora referente a Herzog –, o MP “adotou a posição de que estes casos deveriam ser levados novamente à Justiça”.
“Crimes cometidos por agentes do Estado fizeram parte de um ataque sistemático contra a população.
São crimes de lesa-humanidade. Isso foi confirmado pela sentença da corte. Por isso, esses crimes não são suscetíveis de prescrição e à anistia, afirmou Sérgio Suiama, procurador da República.
É preciso insistir: tais crimes NÃO PRESCREVEM. SÃO CRIMES CONTRA A HUMANIDADE.
 NÃO PODEM SER AMPARADOS POR QUALQUER LEI DE ANISTIA.
Como vamos construir a justiça  se não tivermos memória da injustiça?
A Corte Interamericana determinou que num prazo de um ano sejam prestadas informações sobre o cumprimento da sentença.
Ivo Herzog, filho de Vladimir, disse que é hora de reviver o passado para construir um futuro melhor.
É o que esperam não só os que foram vítimas do arbítrio da ditadura e as famílias dos mortos, mas todos os brasileiros que nunca deixaram de lutar em prol de uma Pátria cidadã e justa.
(Brasília, julho  de 2018)*