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quarta-feira, 16 de julho de 2014

FARDA OU FARDO? - AQUÉM E ALÉM-MAR EM ÁFRICA

Lançamento do Livro FARDA OU FARDO? - Aquém e Além-Mar Em África foi feito em 12 de julho passado, na Casa da Beira Alta, Rua de Santa Catarina, no Porto, pelas 17:30, conforme Convite anteriormente distribuído, acompanhado da respetiva Sinopse. Seguiu-se um Porto de Honra.



SINOPSE

 FARDA OU FARDO? – Aquém e Além-Mar Em África é um livro que procura retratar a ambiência da então Guerra do Ultramar, das emoções que os militares e seus familiares mais diretos vivenciaram, tentando colocar o leitor no lugar do então jovem militar logo que sabia estar mobilizado, acompanhando todo o seu trajeto: ainda na Metrópole,  na viagem de ida, em terras africanas e no seu regresso ao seio familiar - já completamente alterado na sua personalidade.
Transparece uma tentativa do Autor se abster de citações de combate propriamente dito, não só por se tratar de tema já sobejamente abordado em múltiplas publicações editadas por outros Combatentes, mas, principalmente, por ser sua preocupação focalizar-se no Homem, na sua interligação pessoal – relacionamento de plena camaradagem – e no seu posicionamento perante a ansiedade, o perigo, o stress, o cansaço, o desespero, a fome, a sede, a impotência perante o irremediável, o infindável cortejo emocional que emerge de cada circunstância diferenciada, inclusive nos momentos de alegria.

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PREFÁCIO

O Preço do Fardo

Manaíra Aires Athayde
Centro de Literatura Portuguesa
Universidade de Coimbra

Palavra, um homem tem que ser
prodigioso.
Porque é arriscado ser-se um homem.
É tão difícil, é
(com a precariedade de todos os nomes)
o começo apenas.
(Fernando Assis Pacheco)

Certa vez li que «Cada ser humano é um afluente da longa memória do mundo». Esta passagem veio-me em pensamento várias vezes ao longo da leitura que fazia de Farda ou Fardo?. Tentei refletir a razão pela qual era essa a frase insistente em minha mente, tentando inclusive lembrar de onde vinha a tal citação. Passados alguns dias, recordei-me.
A Guerra como Experiência Interior. Não é apenas o título do livro de Ernst Junger onde a tal frase está, mas é um mote importante para pensar a obra de Carlos Jorge Mota. Afinal, mais do que da guerra, Farda ou Fardo? trata da memória. A memória que é a experiência interior e o testemunho singulares em sua capacidade de transformação sob o relato da comunhão, do sentimento de unidade nos homens quando têm uma vivência do perigo comungada. Farda ou Fardo?, afinal, trata não só do sofrimento e dos ruídos de combate retumbados naquela guerra que já avançava em oito anos quando o Batalhão de Caçadores 2872 foi destinado a Angola, em Maio de 1969. É um livro que também circunscreve os ruídos que tantas vezes ecoam na alegria e na tragédia da muito frágil condição humana.
Aliás, esta obra, mais do que a exposição da fragilidade da existência, para mais num contexto bélico, fala sobretudo da condição humana. Está lá a despedida do pai que, enfermo, não voltaria a ver o filho combatente; as mulheres que, aquém-mar, prontificaram-se a ser um sustentáculo emocional para os que partiram para a guerra; a luta pela sobrevivência acompanhada da aprendizagem com a savana e a selva, e com a selva humana. Quer dizer, lá está a História contada em metonímica, numa escrita precisa e muito próxima do documental, estruturada em capítulos curtos que prezam pela informação exata e pela contextualização, com a capacidade em absoluto de domínio do relato.
Relato que nos traz uma outra importante memória de leitura: a África. O poder de unidade que o significante África evoca sobrepõe às naturezas individuais dos seus países. Na memória do combatente não descobrimos só Angola. Nela está a África, com todas as transformações idiossincrásicas que podemos resgatar das descrições de estrangeiros que vivenciaram o território africano. «Quando se apanha o ritmo de África descobre-se que este é sempre o mesmo em toda a música deste continente», escreve Karen Blixen no famoso África Minha.
A adaptação em África implica reconhecer que a natureza humana é regida pela mesma natureza extrínseca ao homem, que nessas circunstâncias tem que se voltar para os sons, os cheiros, os tons que delineiam o contacto entre povo e habitat. A adaptação requer agir de acordo com o vento, com as cores e odores da paisagem. É necessário adaptar-se ao ritmo do conjunto. A África, de facto, vivifica vastamente a experiência do coletivo.
Pois certo é que, embora Farda ou Fardo? esteja sob um registo muito mais próximo do documental-historiográfico do que da ficção, por toda a narrativa podemos perceber que se engendra a «experiência de África». A própria riqueza de detalhes com que o autor descreve as suas vivências já revela a intensidade com que elas persistem em sua memória. Quem viveu esse espaço de familiarização com a África não deixa de viver, nesse sentido, um espaço de transiência, em que a fugacidade do tempo é pressuposta pela intensidade das experiências vividas. Porquanto dois anos em Angola na (hoje denominada) Guerra Colonial muda uma vida inteira.
Uma vida inteira em que a farda de outrora, e o sentimento de se estar a serviço da nação amalgamado ao «nojo» que é a guerra, como descreve Mota, vai se tornando um fardo. E se o fardo é um «conjunto de coisas comprimidas e devidamente atadas», como nos diz o dicionário, pelo que é difícil de se suportar e que se sente como um peso, ao mesmo tempo exige cuidados e grande responsabilidade, como a de escrever este livro passados 45 anos da ida para a guerra. Missão de escrita, aliás, que não parece ser uma tentativa de se livrar do fardo que por décadas persiste, e sim de partilhá-lo, não propriamente intentando diminuí-lo, mas procurando conhecê-lo, reconhecê-lo pelos sulcos do tempo. Procurando avaliar, chamando às memórias, o preço do fardamento, que certamente custou muito mais do que os quatro contos que cada miliciano teve que pagar ao Exército pela farda que vestia. 
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                                                                                      Manaíra Aires Athayde apresentando o Livro 
                                                                                                  I
          
                                                                                              II

                                                                                                        O Autor no uso da palavra
        
                                                                                                I

                                                                                 
                                                                                              II


                                                                                                   Intervenções do Auditório
                                                                                                 I

                                                                                            II (Freitas e Sérgio)

                                                                                        III (José Gualberto)

Depoimento dum Camarada de Armas presente na Apresentação do Livro - Jaime Froufe Andrade - postado por si no seu Mural do Facebook e compartilhado inúmeras vezes por outras pessoas:

Jaime Froufe Andrade partilhou um estado.
A farda ou o fardo?

Acaba de surgir mais um livro sobre a nossa guerra em África escrito por quem lá esteve, no caso Carlos Jorge Mota.

«Farda ou Fardo? Aquém e Além-Mar em África", é o título, epígrafe que de algum modo anuncia caminho pouco habitual, raro mesmo, por se afastar do roteiro clássico da crueza do combate, da espectacularidade das acções militares e preferencialmente apostar em terrenos mais férteis por serem muito menos cultivados.

O caminho destas narrativas, de escrita fácil e desenvencilhada, é todo o percurso interior do jovem miliciano antes de ser "mobilizado" para a guerra, depois de o ser, já em África e de novo em Portugal, agora em tentativas sucessivas de interpretação de si próprio, diferente que se vê pela acção da guerra.

Tratando-se naturalmente de experiências pessoais, por isso mesmo irreplicáveis, o autor, no acto do lançamento do livro, foi o primeiro a reconhecer que esse mapa onde cartografou a sua geografia interior é certamente idêntico em muitos dos seus contornos aos de milhares e milhares de outros jovens que passaram pelo mesmo tipo de realidade. Vítimas do mesmo magma circunstancial, serão esses os primeiros a entender o que se passa no livro.

Importante seria que os jovens de hoje acabem também por se interessar por esse período difícil da nossa História recente e assim poderem perceber de onde vieram e em que condições chegaram aos dias de hoje os seus pais, mães, e avós. A chamada "falha geracional" existe e tem custos muito altos com reflexos na coesão e na solidariedade entre gerações.

Como todos teremos, certamente, consciência, Portugal está em risco de desaparecer enquanto entidade individualizada, com perfil cultural e histórico distinto. A forma como se vai apagando, pelo esquecimento e pela indiferença aquilo que na história recente de mau e de bom fizemos enquanto Povo autónomo e dono do seu destino, está a empurrar-nos para essa já quase instalada não-existência.

É nessa perspectiva de luta contra o relógio que se inscreve a importância das obras que falando sobre o nosso passado colectivo nos apuram o estado de consciência, nos devolvem o orgulho de sermos portugueses, e nos servem de âncora para travar o processo da nossa não-existência.

Bom exemplo foi a sessão de lançamento de "Farda ou Fardo? Aquém e Além-Mar em África": o calor estival, a praia, a piscina e a esplanada não foram razões dissolventes. Não chegaram os lugares sentados do salão da Casa da Beira Alta, no Porto. Eu vi porque estava lá também.
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Outro depoimento feito por um outro Camarada de Armas, também lá presente, postado por si no seu Mural do Facebook e compartilhado posteriormente:

Arnaldo Norton partilhou a foto de Arnaldo Norton.
" FARDA OU FARDO ? "
No passado sábado, aconteceu o lançamento do livro "Farda ou Fardo ?- Aquém e Além-Mar em África " da autoria de Carlos Jorge Mota, um dos administradores desta página (Por Ti Língua Portuguesa). É uma obra muito interessante que aborda o fenómeno da Guerra do Ultramar de forma diferente da habitual e nos transporta para diferentes caminhos. Os meus parabéns ao autor !

quarta-feira, 9 de julho de 2014

RUY BELO - HOMENAGEM MERECIDA - Era Uma Vez

Ruy Belo, Era uma Vez
Género: Filme Documentário
Duração: 55’
Sinopse: Filme documentário sobre a obra e  a  vida do poeta
Ruy  Belo.  Depoimentos,  conversas,  leituras  e  locais  que 
muito contribuíram e inspiraram a sua vasta produção. 
De São  João da Ribeira, onde nasceu, até Paris,  para ouvir 
Chico Buarque a ler dois poemas, passando ainda por Madrid,
onde o poeta foi leitor de português, o filme reúne pessoas 
que  conviveram  com  Ruy  Belo,  que  com  ele  vivenciaram
intensas amizades e partilharam a paixão pela arte. 
Também  quem  o  lê,  interpreta  e  estuda  nos  ajuda  a 
compreender e a ir ao encontro de um dos maiores poetas da
segunda metade do século XX. O nosso poeta URGENTE.
Ficha Técnica
Produção: ZulFilmes
Produtor: Fernando Centeio
Ideia Original: Nuno Costa Santos
Realização: Fernando Centeio| Nuno Costa Santos
Montagem Final: Paulo MilHomens
Pesquisa: Manaíra Athayde
Imagem: Pedro Loureiro
Som: Alexandre Gonçalves
Música Original: Rui Pereira Jorge
Grafismo: Aurélio Vasques
Correcção de cor: Francisco Costa
Zulfilmes | Rua Nova da Trindade, 1 – 2ºDto 1200-301 Lisboa |NIPC 509320627
Telefone: 213 466 427 | email : geral@zulfilmes.com | site www.zulfilmes.com


                                                                         Casa cheia, emoção forte. Rico evento muito enriquecedor.
                                            Parabéns aos organizadores. Parabéns à família, principalmente à Teresa Belo.






terça-feira, 1 de julho de 2014

TAMERA - PROJETO-PILOTO PARA VIVÊNCIA HUMANISTA E TOTALMENTE VERDE

Um Paraíso em Portugal, mas que o negócio do Petróleo desincentiva a divulgar ...

Tamera, aldeia no Concelho de Odemira, Alentejo, foi formada para a constituição dum Projeto-Piloto atinente a um vivência de concórdia, de humanismo, de contacto com a mãe-natura.
Como esta iniciativa poderá atingir alguns interesses instalados, esperemos que a UE, ou o Governo, seu "mandatário", não venha a colocar entraves e mais entraves: 



A Paisagem de retenção aquática: