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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

FRAGMENTOS DE UMA VIAGEM


Fiz uma bela viagem pela Europa durante 20 dias.
Mas não pretendo escrever um relato turístico. Mas captar alguns aspectos da
peregrinação.
É claro: a gente sempre cresce em qualquer viagem.
Vemos que o mundo não se reduz à nossa “paróquia”, ao quintal da nossa casa, e a viagem aumenta e amplia a nossa visão do universo.
Não. Não falarei em Lisboa, Paris, Londres, onde também estive.
Mas queria meditar sobre o contraste entre perversidade e beleza.
Superficialmente, falo de Franz Kafka (1883-1924), autor seminal, premonitório,
“possuído”, que vivendo apenas 41 anos pareceu profetizar tudo, e é autor fundamental para entender a modernidade.
Ela captou a desumanidade de um mundo, a degradação do ser humano, a perversidade da burocracia e da justiça, e foi muito além disso.
Falou-nos sobre a solidão do homem.
Na belíssima cidade de Praga, longe do roteiro turístico que quase todo mundo realiza, quis visitar o antigo cemitério judeu da cidade, onde está o túmulo do autor.
Fui à sepultura, depois de visitar um campo de concentração, perto de Berlim
(Sachsenhausen).
Como verbalizar? Dizer que foi impactante? É pouco. Que parece inacreditável? Falar da brutalidade mais extrema que o homem pode cometer contra o próprio homem?
Eu sei. É pouco, muito pouco.
E como imaginar que uma cultura que gerou (na Áustria e na Alemanha) Mozart,
Beethoven, Haydn, Hegel, Kant, Thomas Mann, Goethe, Schiller e tantos outros
grandes humanistas pode ter gerado a monstruosidade do nazismo?
Como?
E saindo do campo – pensando em todos os pés que ali pisaram, em tanto sofrimento de tantos seres humanos – escutei o canto de um pássaro.
Dias depois, em Viena, assisti a um concerto em que era “tocado” Mozart, e havia um violino belíssimo.
Beleza e crueldade.
(Revisei também a linda cidade Bruges, na Bélgica, e Dresden, cidade barroca alemã, completamente destruída na Segunda Guerra Mundial.)
O que me resta dizer? Quem sabe, cair num necessário lugar-comum: é preciso lutar diariamente para aumentar a taxa de dignidade humana, num mundo carregado de violência, brutalidade e de individualismo. De profunda desilusão e de medo. E que cada um deve fazer a sua arte? É pouco? Sim.
Mas é o que nos cabe.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA (falecido em 29 de Julho de 2019)
Nota: Texto que me foi remetido pelo Emanuel em Maio de 2018 e, segundo a então informação sua, também publicado no Blogue GRUPO ADVOCACIA & JUSTIÇA.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

APENAS UMA PASSAGEM


A morte é nada. Ela não conta. Eu só tenho que escapulir para a próxima sala. Nada aconteceu.
Tudo permanece exatamente como foi.
Eu sou eu e você é você, e a antiga vida que vivemos tão carinhosamente juntos permanece intocável, imutável.
(...)  Chame-me pelo antigo nome familiar. Fale de mim da maneira mais fácil que você sempre usou. Ria como sempre riu das piadas que desfrutamos juntos. (...) Reze por mim.
Deixe que meu nome seja sempre a palavra ‘casa’ que sempre foi. (...) A vida significa tudo o que ela sempre significou. É o mesmo que sempre foi. (...) Por que eu deveria estar fora da mente, porque eu estou fora da vista? Estou esperando por você, em algum lugar muito próximo.
Tudo está bem. Nada está ferido, nada está perdido. Um breve momento e tudo será como era antes. (...)"
Henry Sscott Holland (1847-1918), pároco da Catedral de St. Paul (Londres) e professor de Teologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
*A autoria da passagem acima é controversa. No Brasil é comumente conhecida como “Oração de Santo Agostinho”, (354-430), Bispo de Hipona.
Há versões semelhantes atribuídas ao padre italiano Giacomo Perico (1911-2000), e à escritora de língua inglesa  – ainda viva – Rosamunde Pilcher (1924) 

Eu sinto: tenho um “profundo “sentimento de urgência” em relação à vida.
De ler mais, de escrever mais, de amar mais.
Mas não é medo da morte – sim, apenas uma passagem ou travessia.
Não serei hipócrita: sim, tenho medo da dor.
Olhando as belas árvores bem perto da janela do meu apartamento no Planalto Central do Brasil, que sempre amei olhar, o canto dos pássaros de manhã cedo e no final da tarde, os ninhos que eles fazem para se protegerem –tudo isso dá uma vontade de ficar. Ninguém quer ir.
Enquanto não atravesso, contemplo os rostos amados.
(Não compreendo certas coisas: pessoas que se dizem – com tremenda convicção – católicas ou evangélicas – terem medo da morte.
Se acreditam sinceramente que depois da nossa passagem terrestre há um céu ou algo semelhante, não deveriam ter medo.)
Seria um paraíso em relação à vida na terra, cheia de injustiças, problemas, cobiça, inveja, ódios, drogas, violência etc.
Mas a VIDA  é maior do que todos esses problemas.
Meu pai sempre dizia aos filhos: “estejam sempre preparados”.
Para partir – para as plagas que não conhecemos.
Deveríamos nos preparar, porque “tudo isso aqui” é apenas uma travessia, uma passagem.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA (falecido em 29 de Julho de 2019)

Nota: Texto que me foi remetido pelo Emanuel em Maio de 2018 e, segundo a então informação sua, também publicado no Blogue GRUPO ADVOCACIA & JUSTIÇA.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

FRAGMENTOS E FRASES



QUEM FALA DE MIM NA MINHA AUSÊNCIA É PORQUE RESPEITA A MINHA PRESENÇA
                                    (Bob Marley)
“O lugar da poesia/é onde possa inquietar.”
(Lindolf  Bell – poeta catarinense)
“Se não for pela poesia, como crer na eternidade?”
(Alphonsus de Guimaraens Filho – poeta mineiro)
“A informalidade é inimiga das falsas aparências”
(Michael Wolff, em seu livro “Fogo e Fúria – Por Dentro Da Casa Branca de Trump”)
Um ex-ministro da Educação afirmou que os alunos brasileiros são do século 21 e os professores do século 20.
É preciso acrescentar que os salários dos mestres são do século 19 e a maioria da classe política é da Idade da Pedra.
“No fim, se você fez algo (interferência estética no rosto), dá para ver. Aquilo não me enche de admiração, me enche de dó.”
(Cate Blanchette – atriz)
A disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público é o pior que poderia acontecer na perspectiva de quem espera que que as investigações sobre corrupção no Brasil levem a uma mudança no cenário político nacional”.
(Merval Pereira)
Cada brasileiro  – em todas as instâncias (nós combatemos com a palavra) deve lutar para que A SANGRIA NÃO SEJA ESTANCADA  – parodiando um “importante” e famoso senador , que agora apoia  Temer.
(Aliás, ele sempre está em todos os governos, de “direita”, de “esquerda”, do “centro”.)
“A arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar porque não aconteceu”.
(Winston Churchill)

E dando os trâmites por findos, parodio Antônio Gramsci: É preciso manter o pessimismo da inteligência e o otimismo da vontade.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA (falecido em 29 de Julho de 2019)
Nota: Texto que me foi remetido pelo Emanuel em Maio de 2018 e, segundo a então informação sua, também publicado no Blogue GRUPO ADVOCACIA & JUSTIÇA.