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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SE NÃO FOR PELA POESIA, COMO CRER NA ETERNIDADE? Emanuel Medeiros Vieira

Se não for pela poesia, como crer na eternidade?
(Alphonsus de Guimaraens Filho)
Sobra este afeto
(a muralha que me resta).
Sim, é este patrimônio que me cabe-
sem valor contábil,
o que amo,
contra o ruído, o mal e a bofetada.
Tribo perdida,
só queremos saber de nós mesmos.
Minha verdadeira cidadela é o território dos afetos.
transformado estou: no guerreiro que não me
imaginava mais, exaurido: ainda assim combatente.
Restaurado o menino que viu a regata:
é esta matéria mnemônica que tento re-fundar  aqui,
papel em branco, nova manhã.

O latim do colégio ensinava que “recordar” vem de:
“recordis”:
tornar a passar pelo coração.
(A poesia perpetuará esta fugaz manhã, despistando a
morte?),
vem, menino, sossega o coração na manhã azul,
me legitima na palavra escrita,
eterniza  o  poema para os que vierem depois:
é minha oferenda (o sentido desta peregrinação).
Emanuel Medeiros Vieira