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quarta-feira, 21 de março de 2018

CONSELHO DE ÉTICA – ÉTICA?

CONSELHO DE ÉTICA – ÉTICA?
(E Fragmentos do Cotidiano Brasileiro)
Neste Conselho funesto/Feito por gente caquética,/Só pode ser indigesto/Sinceramente sem ética” (AL)
O assunto passou em branco. No meio de fome de poder e corrupção, há algum tempo foi instalado o Conselho de Ética do Senado.
O referido Conselho aprecia e julga denúncias por quebra de decoro parlamentar.
Quem está lá?
Romero Jucá (RR)  investigado na Lava-Jato, com oito inquéritos no STF.
Além de Eduardo Braga (AM), Flexa Ribeiro (PA), Eduardo Amorim (SE) e Jader Barbalho (PA), todos investigados no STF.
Todos no Conselho de Ética. É brincadeira? Não.
É uma espécie de metáfora do Brasil de hoje. Não é preciso escrever mais nada.

IMPEACHMENT
“A Câmara dos Deputados não pode continuar agindo com cinismo, como se nada estivesse acontecendo no país. O presidente da Câmara dos Deputados deve satisfação à população e, por isso, precisa pautar com urgência a análise dos pedidos de impeachment” (do presidente da República).
São palavras do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia.
Lamachia argumentou ainda que o Brasil não pode continuar pagando a conta das atitudes “pouco republicanas” tomadas pelos ocupantes do poder.
Para ele, as instituições não podem continuar “sangrando”.
No fim de maio, a OAB entregou à Câmara pedido de impeachment do  presidente da República.
DEMOCRACIA
Alguém afirmou que é “assustador” o sentimento de que a democracia está entrando em colapso.
Com a falência do modelo, muitos buscam  soluções facilitárias, autoritárias e tenebrosas, acreditando em aventureiros ou  figuras de extrema-direita, populistas e violentas.
A culpa é daqueles que se apegam ao poder, como cachorros agarrando ossos, sem nenhum respeito pelos sentimentos e valores da população anônima – que carrega seu calvário diário.
Estamos com 14 milhões de desempregados, que sofrem anonimamente, silenciosamente. Não é estatística. São seres humanos.
É preciso entender que a corrupção é um inimigo poderoso e nefasto, que não tem tendência política  – como alguém afirmou.
E o terreno que está sendo semeado é o da amargura, do desencanto e do pessimismo.
Eu sei: essa busca por soluções fáceis e de extrema-direita também ocorrem na Europa e em outros lugares.
                                            ACORDO
Nos Estados Unidos, há um presidente que parece a Besta do Apocalipse, à direita de Genghis Khan (1162-1227).
É triste e lamentável ver um acordo promissor (entre EUA e Cuba), ser rasgado por Trump.
Obama e autoridades cubanas, firmaram um acordo – intermediado pelo Papa Francisco –  que depois de muita luta, gerou  esperança.
Até republicanos, do partido do presidente, criticaram a atitude de Trump.
Estive em Cuba  há uns dois anos (não com autoridades), e conversei muito com pessoas anônimas ( eu e Célia fizemos amizades, com quem nos correspondemos até hoje).
 E percebi que pessoas anônimas, tão hospitaleiras conosco, torciam imensamente pelo acordo.
Para terminar com uma nota menos pesada: com um marxista (que, na despedida, disse que não éramos apenas amigos, mas “hermanos”), abraçando-me com muita emoção (não, não estava no poder – era um humanista muito culto),  rezamos  um Pai Nosso, na catedral de Havana, para que o acordo entre  EUA-Cuba desse certo.
(Salvado, junho de 2017) 
Emanuel Medeiros Vieira

segunda-feira, 12 de março de 2018

DESMORALIZAÇÃO

DESMORALIZAÇÃO
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Eu rejeito o papel de coveiro de prova viva.
Posso até estar no velório,  mas não carrego o caixão”
(Ministro Herman Benjamin,,  relator no TSE do processo Dilma-Temer)
O assunto já foi muito comentado. 
Os acontecimentos referentes a diversos tipos de degradação na vida pública brasileira,  sucedem-se de uma maneira tão frenética, que algo acontecido há pouco, já fica superado.
Quero falar sobre o julgamento no TSE – Tribunal Superior Eleitoral – da chapa Dilma--Temer.
O “superior” não me sai da cabeça.
Sobre um antigo Conselho Superior de Censura, na ditadura (em sei se ainda existe), Millor Fernandes dizia  que,  por ser de  censura, já não podia ser “superior”...
No universo contaminado em que vivemos,  o resultado do julgamento do TSE já era esperado
O chamado voto de minerva (para desempatar um julgamento) foi dado pelo ministro Gilmar Mendes que, segundo muita gente, “apequenou-se” com a sua posição.
Não esqueçamos que Minerva é a deusa romana da sabedoria.
Quanta sabedoria!
Uma grande pizza foi assada no TSE.
Alguém já observou que a campanha de 2014 não foi a única onde houve fraude, “dinheiro ilegal e marketing criminoso”.
Basta lembrar que o programa Bolsa Família foi utilizado como instrumento de chantagem para os pobres deste país.
Campanhas deste gênero ameaçam a democracia.
Já disseram que o TSE, está falido.
Foram “provas amazônicas”  e quatro ministros fecharam os olhos para elas.
O voto do ministro relator a favor da cassação da chapa foi denso, profundo, carregado de provas cabais.
Venceu a velha cultura da impunidade.
O TSE criou a jurisprudência do “vale tudo”, onde se pode tudo e não se pune nada.
É claro: louvem-se os votos dos ministros Luiz Fux  e Rosa Weber, que acompanharam o relator Herman Benjamin.
Não é preciso escrever mais nada – corro o perigo de cair na redundância.
Mas termino, citando a reflexão de um analista: “Pátria amarga, Brasil! A maioria dos filhos teus que não foge à luta merecia melhor sorte. Mas os que ti governam, sempre privilegiaram a própria sorte, desfrutando com gula das tuas riquezas”.
E o TSE investigou durante dois anos e meios os eventuais crimes cometidos.
Não havia interesse em punir ninguém.
A luta é dura. Mas a punição de grupos pessoas tão poderosos, em curso no Brasil, leva-nos à esperança.
Prrecisamos ficar atentos.  As armas  que “eles” usam são podres e sórdidas.
Eaaa gente não tem escrúpulos.
Querem que a gente se cale, se abata – e que desanime. Mas continuaremos combatendo a injustiça, a impunidade, o roubo, que não nos importemos com o desprezo por todo o povo brasileiro – principalmente em relação às pessoas mais pobres e humildes.
(Salvador, junho de 2017) 

sexta-feira, 9 de março de 2018

PÁTRIA AMARGA

PÁTRIA AMARGA
(Prosa Poética Panfletária)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
“O amor que não dá certo está sempre por perto” (Cacaso – 1944-1987))
Pátria: também amada
meu bom Deus:
O Senhor perdeu o passaporte brasileiro?
não vou me queixar – tudo está secando ao nosso redor: lágrimas, esperanças, projetos
deveria falar de outro jeito?
“Berço esplêndido”.
esplêndido?
Colônia, Império às, repúblicas (Velha e Nova)
assaltos ao Poder, golpe militar duradouro – foi-se toda uma geração que sonhava e muito mais – governos civis, Nova República, constituintes que não se cumpriram
trapaças, saques, traições, consensos, jogadas na calada da noite
não contamos – somos de pouca valia
carrego frases feitas, platitudes e lugares-comuns
“Dos filhos deste solo és mãe gentil” – certa mãe deixou-nos órfãos?
a gentileza não está nos rostos – estresse diário, caudaloso rio de notícias vis
“Florão da América” – que deveria ser nosso
“Filhos teus não fogem à luta”
Bate-nos um fundo cansaço – como um raio
palavras, partidos, gravatas, jeitinhos, cinismo, piratarias, patifarias e um deus eleito chamado mercado
“seja mais otimista” – ordenam-me! “Ame-o ou deixei-o” (como gostaria...)
“Terra adorada”/minha pátria amada/amarga, Brasil (Perdoem-me pelo panfleto.)
(Salvador, junho de 2017)