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terça-feira, 23 de julho de 2019

SERMÃO DA SEXAGÉSIMA - PADRE ANTÓNIO VIEIRA




"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive"
(Padre Antônio Vieira, “Sermão da Sexagésima)
“Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração são necessárias obras (...)
Palavras sem obras são tiros sem bala: atroam, mas não ferem”
(Idem)
“Imperador da língua portuguesa”:
assim te chamou outro mago da palavra: Fernando Pessoa.
Estás aqui, no sol deste sábado, nesta releitura, em outro século, sentindo o tempo escoando – ele, o tempo, que é a medida de todas as coisas.
(Tinha 19 anos quando te conheci – e ainda (e sempre), e sinto sempre a luz das tuas palavras.)
(...) “A madrugada irreal do Quinto Império/Doira as margens do Tejo”.
(“Antônio Vieira” – Fernando Pessoa)
Continuamos nas palavras:
(...) “O salteador na charneca com um tiro mata um homem; o príncipe e o ministro com uma omissão, matam de um golpe uma monarquia. Este são os escrúpulos de que se não faz nenhum escrúpulo: por isso mesmo são as omissões os mais perigosos de todos os pecados”.
(“Sermão da primeira dominga do Advento”)
Permanecemos nas palavras?
É o que aspiramos? A Imortalidade.
(...) “Na ressurreição natural cada um ressuscita como nasce; na ressurreição sobrenatural, cada um ressuscita como vive”.
(“Sermão da primeira dominga do Advento”)
Sim, Imperador: “No nascimento somos filhos dos nossos pais, na ressurreição somos filhos de nossas obras”.
(“Sermão da primeira dominga do Advento”)

(...) “Assim digo que em todo reino bem governado não devem os homens pretender os ofícios, senão os ofícios pretender os homens”.
(“Sermão da terceira dominga do Advento”)
Padre Antônio Vieira (1608-1695):
Séculos se passaram – e ainda iluminas – A Pátria, a Língua, A Casa, nossa vida.
Do pó ao pó, outros séculos virão – e estarás “vivo”– Imperador não por herança dinástica, mas merecimento.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 16 de julho de 2019

CAMARADA DE ARMAS É UMA AMIZADE FRATERNA, VITALÍCIA E INDESTRUTÍVEL

Camarada de Armas é uma amizade fraterna, vitalícia e indestrutível.
Zé Henrique Jorge, meu Camarada de Pelotão no Curso de Milicianos em Abril de 1968, aqui comigo na Semana de Campo, já em fins do 1º Ciclo do Curso.
Cada um seguiu depois seu destino conforme a Especialidade que lhe coube em sorte, supostamente consoante os Testes, Habilitações e Profissão. Eu segui para Administração Militar, ele para Atirador com a Sub-Especialidade de Sapador.
Voltámos a encontrar-nos em Fevereiro de 1970 nas Terras-do-Fim-do-Mundo (Cuando Cubango), em Angola, em Serpa Pinto, provindo eu da Coutada do Mucusso, para férias na então Metrópole (puto), local onde minha Companhia de Caçadores se encontrava em reforço do seu Batalhão de Cavalaria em cuja CCS estava ele integrado.

Após desmobilização, o Zé partiu para Moçambique, depois saltou para a República da África do Sul, nos tumultos pós-independência. Deteriorada também a situação social naquele país, partiu para a Venezuela e depois, quase só de passagem, para o Brasil. Dali deu o salto final para a Austrália, onde já assentou raízes, inclusive já me mostrou por vídeo, através das novas tecnologias, os “seus domínios”.

Vindo de férias a Portugal, alguns dos Camaradas do seu Batalhão quiseram com ele confraternizar, já que nos habituais Encontros Anuais, por razões óbvias, o Zé não pode comparecer porque um salto de canguru não vence tamanha distância.
Eu, como seu velho Camarada, e outros Camaradas da minha Companhia que gostam de compartilhar fraternas amizades com o pessoal do Batalhão de Cavalaria que operacionalmente reforçámos naquelas longínquas paragens angolanas, quisemos dizer “presente” no Almoço-Convívio em Vila Franca de Xira, em 27 de Junho último, tanto mais que o “nosso maior” – então Major de Cavalaria, hoje Coronel na Reforma –, de seu nome José Maria Barroso Branco Ló, militar por quem nutrimos especial consideração e estima, não obstante não ter sido organicamente nosso 2º Comandante, nunca abandona “as suas tropas”, não poderíamos deixar de compartilhar este momento efusivo pois também coincide com os 50 anos da nossa partida para África.

Junho de 1968 - Semana de Campo na Foz do Arelho, no fim da 1ª Fase do Curso de Milicianos

Fevereiro de 1970, em Serpa Pinto (Angola), eu entre o saudoso
 Castro Maria,  o Acácio Sampaio e o José Henrique Jorge

Coronel Branco Ló fazendo entrega alusiva ao momento


Zé Jorge exibindo a Camisola

Banco Ló no uso da palavra, em nome colectivo

Zé Jorge agradecendo a oferta e o momento proporcionado

Carlos Jorge Mota no uso da palavra em nome dos
 elementos  presentes  da Companhia de Caçadores 2506

Elementos presentes, sendo visível, entre outros, o Gustavo, Carlos Paulo e o
César, do  B. Cav. 2870, e os Manuel Freitas e Francisco Freitas, da C. Caç. 2506

Correia da Luz no uso da palavra

Carvalho e Boavista escutando o Zé Jorge

O Tejo estava perto

Carlos Jorge Mota

CIVILIZAÇÕES



“Civilizações feneceram e isso me consterna. Incas, Maias, Assírios, Fenícios, Babilônios, Gregos. Não os conheci. Não os conheço (...) Que insuspeitas relações tiveram? (...) A arte são marcas de passagens. (...) Não sei por que  escrevo, menos ainda o que isso possa significar.” (...)
                                               (Herculano Farias)
“Nada sabemos, a não ser que há uma noite/pura e vazia à nossa espera. Uma noite intocável/além do fogo e do gelo, e de qualquer esperança.”
                                                (Ledo Ivo)
E continuamos a cada dia. Tentando celebrar os momentos– encantamentos. Sim: há soberba, cobiça, pessoas que se acham insubstituíveis, celebridades vãs. E depressa desaparecerão.  Mas continuamos.
Há fé (às vezes). Há sombras, pó, e esperança.
“Estás sendo pessimista”, adverte uma voz interior. Basta olhar o mundo ao redor. Nada de novo. É preciso manter o circo. Sempre. O cantor famoso “passou”, espremido como laranja. Criam-se outros. Como a loira gostosa no anúncio de cerveja. A insinuação subliminar dos espertos publicitários: “tome essa cerveja e terás a loira”.
E há os marqueteiros. Ganhando rios de dinheiro, estabeleceram o reino da mentira virtual. “Mas as ditaduras acabaram na América a Latina”, alguém lembra. E o que veio depois? Desagregação (traição, deslumbramento) de muitos sonhos e dos maiores valores. E as revoluções implantadas viraram sistemas totalitários. Não?
E criamos todos os dias. Será a arte que nos salvará? “Inventamos” uma realidade. Não a revelamos. E continuamos. Parece que já existem mais escritores que leitores. Toneladas de opiniões (nos jornais, no mundo virtual) não saciam. Pois a incompletude é a nossa sagrada e irreversível marca. Como em tantos momentos, talvez saibamos mais o que não queremos do que aquilo que queremos.
A cura é a morte do desejo? Civilizações morreram.
Ando por Pompéia, está frio, e penso em todos que por aqui andaram, em todos os pés que aqui pisaram.
Penso o mesmo no Pelourinho – “ouvindo” o gemido dos escravos. Mas a agitação dos turistas com suas máquinas fotográficas e celulares, é mais forte do que as minhas reflexões. E meninos cheiram crack e assaltam.
O desejo é registrar tudo. Tudo. Mas somos meros fragmentos de outros fragmentos.
Há mais motivos para beber do que para não beber – eu sei.
Mas – ainda mais moralista na maturidade – creio que é melhor não beber. Sim: pela vida (perdoem o lugar-comum.). Mas tal opção é absolutamente subjetiva, e prefiro ouvir um Canto Gregoriano nesta capelinha do que os berros e gritos em um culto, garantindo que Cristo voltará (e se deres mais dinheiro, ele chegará mais rápido).
É outra manhã. Sim, sonhávamos refundar o mundo, e a alegria não-napoleônica de uma criança mexendo numa máquina de escrever – estranhando –, e um pássaro cantando é maior que isso. Mas, é claro, também passaremos e bem mais rápido que as civilizações. Mas – mal rompendo a aurora – estarás aqui de novo, seguindo o ofício, não buscando álibis. E continuarás, até o dia em que escutarás um assobio e irás – sereno – atravessar a ponte.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 2 de julho de 2019

LULOPETISMO É RESPONSÁVEL PELA TRAGÉDIA E O COLAPSO DA ESQUERDA HUMANISTA BRASILEIRA

ABAIXO, UM TEXTO PARA REFLEXÃO.
É uma crítica ao lulopetismo, mas pela estrada da ESQUERDA.

Ninguém é obrigado a concordar.

Só pediria a leitura atenta - isenta de preconceito ou dogmatismo (se for possível, em tempos tão sombrios e agressivos). 
Obrigado!

LULOPETISMO É RESPONSÁVEL PELA TRAGÉDIA E O COLAPSO DA ESQUERDA HUMANISTA BRASILEIRA
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Nossa geração tinha um sonho (pareço transcrever Luther King, eu sei).
Mas para mim e muitos companheiros (perseguidos, torturados, mortos ou exilados), ESSE SONHO não passava pelo populismo, pela corrupção, pelo deslumbramento, pelo aparelhamento do Estado.
Românticos tardios? Quem sabe.
Sabíamos do pacto oligárquico que dominou o Brasil desde a Colônia.
Como lembrou alguém, a noção de uma transição democrática pacífica criou o “paradoxo de uma transição infinita”.
Mesmo no período pós-ditadura , o Brasil nunca foi uma democracia plena.
A chamada “esquerda” nos governos Lula e Dilma nunca foi “esquerda”, mas um arremedo da mesma.
´É PRECISO FICAR BEM CLARO QUE A ÊNFASE NO COMBATE Á IMPUNIDADE NÃO REFLETE UMA PERSEGUIÇÃO AOS QUE LUTAM CONTRA A DESIGUALDADE.
O combate à corrupção, não é assunto “pequeno-burguês” ou “udenismo tardio”, como muitos acham.
E nos combatem, porque leem pouco ou nada, e acreditam que “MUDAMOS DE LADO”.
SE ELES MUDARAM DE LADO, NÃO PODEM NOS OBRIGAR A FAZER O MESMO.
Não fomos nós que nos aliamos ao rebotalho da classe política brasileira - Jucá, Lobão, Sarney, Collor, Renan e tantos outros.
O sonho desta geração de que faço parte era a vitória de uma justiça plena, fim da desigualdade e não a pirataria, o saque aos cofres do Estado, enquanto tantos morriam à míngua.
Nunca defendemos a impunidade, e SEMPRE REIVINDICAMOS O FIM DO FORO PRIVILEGIADO.
O surgimento de uma nova extrema direita feroz, com os seus bolsonaros, deve-se, em parte, ao lulo-petismo.
Converso com gente humilde, como verdureiros, barbeiros, chaveiros, pequenos funcionários, modestos comerciantes etc., E PARA ELA, ESQUERDA É SINÔNIMO DE ROUBALHEIRA.
Culpa de quem?
O lulopetismo é a representação mais perniciosa de uma suposta esquerda.
No vitimismo, na transferência de responsabilidade, na ausência de leitura, no amontoado de clichês que seus adeptos proferem, e em outros elementos que embasam o discurso de Lula, vemos esse fracasso.
Penso que Lula está carregado de uma visão mística ou de que é um Spartacus moderno (sem saber quem foi ele), escravo de origem trácia que combateu o Império Romano e foi crucificado pelos vencedores, ou um Che Guevara do século XXI.
No seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, ele chegou aos extremos da megalomania, quando disse que não era mais uma PESSOA, MAS UMA IDEIA.
Uma coisa eu sei: DEMANDARÁ MUITO TEMPO PARA QUE A VERDADEIRA ESQUERDA CONSIGA SER REFUNDADA.
Haverá uma longa orfandade, e os fascistas estarão rindo de todos nós – mesmo dos que não quiseram fazer parte desta farsa ou deste teatro do absurdo.
Nada de novo na História...
Mas a verdade prevalecerá e todos os ladrões da República – de todos os partidos, ou de todos os segmentos – SERÃO PUNIDOS.
(Brasília, abril de 2018)

Com a estima do Emanuel Medeiros Vieira