“O foro privilegiado é uma exceção não justificada no sistema republicano e sua extinção urge”
(EDSON FACHIN - ministro do STF, no Fórum de Juízes Federais em Porto Alegre)
O foro privilegiado - como é utilizado hoje - transformou-se em um deboche à cidadania.
É um estímulo à impunidade.
É claro que sua instituição visava, entre outras razões, proteger o espírito democrático, a liberdade de opinião, da palavra etc. Não tinha a intenção de assegurar a tradicional impunidade dos poderosos.
O Foro privilegiado eleva, de uma maneira abissal, a tremenda desilusão do povo com a classe política (uma das piores de toda a nossa História) e demais “autoridades protegidas”.
A Constituição assegura a imunidade parlamentar.
No dia 11 de outubro de 2017, o STF decidiu por 6 votos a 5, que o Congresso precisa dar aval a medidas cautelares que afetem o mandato parlamentar.
A decisão terá impacto direto sobre o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
O Senado votará se o tucano (de “nobre plumagem “), deve permanecer afastado do mandato ou não.
O Foro Privilegiado virou garantia de imunidade para criminosos travestidos de representantes do povo.
Para a presidente da Corte, Carmen Lúcia, a lei é para todos, mas quando for aplicada, mesmo em casos penais, “o Congresso deve ser ouvido se o acusado estiver com o mandato ameaçado“.
O sentimento generalizado é de que a “imunidade consagra a impunidade, que o foro privilegiado virou um privilégio escuso, que institui dois destinos para autores dos mesmos crimes: o dos cidadãos e dos detentores de mandato”.
Como alguém bem observou , a votação no STF faz constatar que “a interpretação da lei no país muda conforme a pessoa em questão”.
O Tribunal votou “temendo uma crise institucional, e com o voto de minerva da presidente do Supremo. Essa não é a melhor forma de fazer prevalecer o Direito”.
Foi mais um típico arranjo de nossas classes dirigentes, consagrando de vez o primado do “jeitinho” e da esperteza – contra a verdade, a República e a esperança.
Tanto “latim” gasto para parir um rato - excetuando-se os ministros que foram fiéis às suas convicções.
Às vezes, entendo o que dizia Vladimir Lênin, líder da Revolução Russa: “Advogados? Nem os do Partido”.
(Salvador, Bairro da Graça, outubro de 2017)
Emanuel Medeiros Vieira