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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

POBRES DE TÃO PRETOS...

NA TELA E ANEXADO, ENVIO O MEU ÚLTIMO TEXTO, INÉDITO.
AGRADEÇO A EVENTUAL PUBLICAÇÃO.
É SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL E A RESPEITO DA ÚLTIMA TRAGÉDIA HUMANA/ AMBIENTAL EM MINAS GERAIS  (ocorrida ontem, dia 25), COM EFEITOS DEVASTADORES.
Abraço fraterno e grato do   Emanuel*
*Não escrevi antes devido à enfermidade.

 
POBRES DE TÃO PRETOS...
(Pobre prosinha poética panfletária, escrita no calor da hora)

Pobres de tão pretos
e pretos de tão pobres
Os documentos serão todos ultrassecretos, que se danem os órgãos de controle, parentes de políticos não poderão ser mais investigados.
O deputado ameaçado renuncia antes da posse: quer viver.
E uma violência devastadora contra a democracia vira piada nas redes.
O ex-moralista ministro da Justiça, se cala (envergonhado?), se esfarela - está no liquidificador.
Sua ética era seletiva
E o rebanho foi atrás das “Fake News”, do candidato “decente”.
Na “internet democrática”, o idiota da aldeia, torna-se oráculo.
E proclama:
Abaixo a inteligência! Viva a morte!”
Para os que pensam, a fogueira está acesa.
“Meio ambiente?
Balela!”
A cara é a mesma: escravocrata.
O rio se chamava Doce
e era amargo,
agora o nome é outro.
(O rompimento da barragem de Brumadinho liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos que entraram no rio Paraopeba.)
A lama escorre, passando por cima de brasileiros que nem nós
A lama na cara de ”nuestra” América
A tragédia se repete como farsa
(ou tragédia novamente?)
E as desculpas são as mesmas,
à espera de outras barragens que serão rompidas e esquecidas.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

ESTATUTO DO IDOSO

ESTATUTO DO IDOSO
(Para todos os idosos do Brasil)

“Há momentos na vida em que é preciso economizar o desprezo com parcimônia, pois o número de necessitados é muito grande”
(François René de Chateaubriand (1768-1848)

O Estatuto do Idoso foi estabelecido há (quase) 15 anos pela Lei Número 10.741/2003.
Mas apesar dos (quase) quinze anos de sua implantação, são frequentes as infrações contra idosos.
Especialistas – como Everson Prado – citam entre os chamados “abusos,” o superendividamento e o reajuste desproporcional no plano de saúde do idoso, como forma de excluí-lo da cobertura pela incapacidade de pagamento.
É uma das irregularidades mais comuns às garantias deste segmento e que fere o Estatuto do Idoso.
Implicitamente, dentro do modelo vigente, há uma espécie de “torcida” (consciente ou inconsciente) para que O IDOSO SEJA DESCARTADO – falando sem metáforas –, que morra.
O idoso , muitas vezes, é encarado como um descarte de um “peso inútil” (“inútil”: que deu mais de 30 anos de sua vida pelo país).
Algumas vezes, até familiares têm essa visão do idoso como peso inútil, que deve ser jogado fora. l.
Esquecem-se – perdoem-me a platitude acaciana – que se não morrerem antes, chegarão à velhice...
Ninguém escapa da Indesejada das Gentes, usando a expressão de Manuel Bandeira.
Ao completar 60 anos, há o reajuste desproporcional no plano de saúde das pessoas da chamada “terceira idade”..
Em casos de planos mais antigos, ocorrem aumentos de mais de cinquenta por cento.
O Supremo Tribunal Federal – STF – regulou os parâmetros de reajustes destes planos, “no entanto deixou a cargo dos órgãos regulamentadores a prerrogativa para definir tais parâmetros”, como observa Erick Tedesco.
Quem regula essas políticas é a Agência Nacional de Saúde – ANS que, muitas vezes, prefere bajular, de maneira servil e subserviente os “donos” dos planos”, asseguradoras e bancos A A
A Agência Nacional de Saúde – ANS – prefere, muitas vezes, bajular e ficar subserviente aos “donos” dos planos privados de saúde, seguradoras e bancos privados do que usar o seu poder e a sua competência para ser justa com os idosos.
A SAÚDE NO BRASIL É UM NEGÓCIO MUITO LUCRATIVO.
O Estatuto do Idoso deveria ser transversal e se comunicar com as demais normas que protegem o cidadão brasileiro, como, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor.
Numa fase crepuscular da existência, a mobilização para assegurar direitos, fica muito mais difícil para os idosos, mas ainda contam, em determinadas categorias, com órgãos que o sdefendam.
E devem procurá-los, quando sentirem-se usurpados e enganados.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

DARCY RIBEIRO


Darcy Ribeiro
Fracassei em tudo o que fiz. Quis uma escola para os índios, e fracassei. Quis um país mais justo, e fracassei. Quis fundar uma universidade de qualidade e fracassei. Mas meus fracassos são minhas vitórias. Não gostaria de estar no lugar dos vencedores.”                                Darcy Ribeiro (1922-1997) Internalizando fundamente o denso e tocante inventário do mestre Darcy,  fico pensando o que significam “sucesso” e “fracasso”.É claro que eu e muitos amigos da minha geração (ou de anteriores ou posteriores) não gostariam em  estar do lado desses vencedores.Não monumentalizando a minha geração (segmentos da parte mais consciente dela, a que tinha 20 anos em 1964 – 20 anos como data simbólica, rito de passagem), creio que, apesar de seus equívocos, foi de uma das mais generosas e preparadas da História do Brasil. Não falo por mim. Falo pelos outros.Mas fracassamos no sonho enorme (que nos moveu) de mudar o País.                         
Sucesso? No modelo capitalista e mercantil, sucesso é ganhar muito dinheiro, mesmo às custas do sofrimento alheio, ter cartão de crédito polpudo e, muitas vezes, ser asperamente individualista, cruel e puxar o tapete alheio para subir.Isso é “vitória”.Vitória? Não há derrota humana maior que essa.Quem conhece a gênese da UnB, fundada por Darcy e outros grandes brasileiros,  perceberá que não houve projeto de universidade mais generoso, altamente capacitado, ecumênico, autêntico e profundamente enraizado nos sonhos maiores do povo brasileiro.Não conheço projeto de universidade tão integral (“universal” mesmo) em nossa  América Latina.Lógico: o “chega-pra-lá” dado na gente pelos gorilas de 64, devastou o sonho. Voltando do exílio, depois de anos de anos de conquistas internas, mas de muito sofrimento, Darcy diria que “sua filha (a UnB) havia caído na vida”.Se ela caiu na vida, não caiu sozinha.A degradação da universidade brasileira foi ampla, total e irrestrita.Nem falo das faculdades caça-níqueis, estimuladas pela privatização tucana, e com ensino hediondo.Participei como jurado num concurso de literatura aqui em Brasília, em uma universidade desse tipo.Meu Deus!  É claro, não esperava encontrar nenhum Machado de Assis. Mas os erros dePortuguês  eram tão crassos que, por exemplo,  minha filha Clarice – quando estava no 4ª ano do curso primário (creio que chamam agora de fundamental)  nunca cometeu.Conheci alguns alunos que faziam mestrados em várias dessas universidades.Sem exagero, o nosso curso clássico (segundo grau), com os jesuítas, era infinitamente mais profundo e melhor. Pelo que me falam, as públicas também estão sendo sucateadas rapidamente.Mas para a visão dos “pedagogos” do PT e do PDSB e outros partidos, o que vale é a quantidade.Como respeito os mortos, não cito um ministro da Educação, no governo do PSDB, que estudou no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, onde eu cursava o Clássico. Ele estava um ano na minha frente. Pessoa, querida e gentil. Mas como ministro da Educação, sua obsessão era privatizar tudo, e ajudou no sucateamento da universidade pública.
Existem  no Brasil um bando de abutres (fortíssimos) criando oligopólios educacionais (?) ganhando dinheiro com a ignorância alheia.Ninguém repete  de ano. Não tem mais 2° época.  Agora é tudo promoção automática. Muitos alunos chegam analfabetos no 4ª ano. Não sabem ler.Não sabem interpretar o texto mais primário. Reprovar? Nem pensar. “Vai ferir a autoestima dos alunos”. Esse psicologismo de butique, de segunda categoria, é das maiores pragas da pedagogia moderna.A “tigrada” não tem limites, é arruaceira, mal-educada, e os professores acabam levando sopapos, alem de ganhar uma miséria (e, alguns, ainda precisam gastar com remédios de tarja preta).Claro, estou falando de escolas públicas de segundo grau.O que acaba com a autoestima de um povo é a falta de conhecimento e a ignorância.Além da falta de fibra.Sinceramente, em muitos segmentos da nova geração percebo intensamente essa falta de fibra, de espírito guerreiro, essa carência de solidariedade, essa obsessão por engenhocas eletrônicas, sem nenhum controle do instinto (já está em Freud: a violência inata do ser  humana só pode ser coibida pela “Lei”).Infelizmente, as pessoas têm lido muito pouco.Autoridade” não é fascismo. Fascismo é desumanização, é exploração.Estabelecer limites é buscar uma convivência digna e honrosa entres os seres humanos.“Coitadinhos. Sofrerão traumas.”Fui testemunha. Eu estava com um amigo.  Havia uma moça belíssima, aproximadamente 20 anos, de quase dois metros, morena jambo, filha da mulher de um querido amigo já falecido. Foi em Brasília, num sábado à noite. Ela estava usando drogas. Chorando, abraçou-nos e disse: “Queria ter tido um pai e uma mãe que tivessem me dado limites. Só fiz o que quis.”É claro: educar e cuidar exige dedicação, esforço.Mas tem gente que prefere ficar fazendo filosofia de subúrbio em mesa de bar.Estudam pouco, não são inteiros no que fazem.Assim, tem gente que, depois de decretar greve na universidade vai tomar banho na Joaquina (para quem não conhece, uma praia de Florianópolis)...Greve é algo muito sério e que exige ética.A violência banalizada em todos os lugares, nas escolas, o império do tráfico, a falência da comunicação entre pais e filhos, o sonho de ser modelo ou atriz de TV, vai gerando uma sociedade de sonâmbulos morais. Mas é assunto para abordagem maior.E este texto já deve estar cansando...Ah, querido Darcy. Se todos os brasileiros “fracassassem” como o tu, o Brasil seria melhor.Conversei com ele sobre isso num bar aqui da CLS109 Sul (já fechado), no começo dos anos 90 – perto da Quadra dos senadores.Tomamos água tônica dietética, enquanto o sol se punha no Planalto Central (Brasília tem o pôr-do-sol mais bonito que conheço), e a noite chegou, e não paramos a conversa.

          Emanuel Medeiros Vieira

NÃO TENHO (MENINO)

PARA O ESTIMADO AMIGO CARLOS MOTA, ENVIO O MEU ÚLTIMO E INÉDITO TEXTO - um poema - com o abraço amigo e grato do Emanuel Medeiros Vieira
 
NÃO TENHO
(MENINO)

Ouro, incenso e mirra? Não, não tenho
posso te ofertar, menino
algo sem valor contábil
(um olhar para a manjedoura)
é o que tenho – que ofereço no Dia de Reis
(a mãe desfazendo a árvore de natal)
outros natais, outras gentes
um outro menino–agora ancião: as duas pontas
teu sacrifício futuro não terá sido (não foi?) em vão.
fel, chicote, cruz
quem se lembra?
Usam o teu nome em vão – para o ódio, para tudo o que não pregaste
a semântica de tuas palavras era outra
um menino nascendo
reis magos – ouro, incenso e mirra
é do que recordo, menino
um presépio, uma esperança

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

PROSA DE NATAL

Amigo Carlos
Mesmo que, pelo calendário, o natal já tenha passado, creio que não há problemas em te enviar esta "Prosa de Natal" (abaixo).

Força e Esperança!

Agradeço as publicações em teus blogues de textos de minha autoria.
Com a sincera fraternidade e afeto do Emanuel  
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PROSA DE NATAL

Naqueles natais não havia peru defumado, o irmão matava o bicho e tomava um gole de cana, papai pegava “barba-de-velho” para fazer o presépio, missa do galo, bonecas de pano, jogo de botão, bolinhas de gude. Não, não é um poema sentimental. Talvez nem seja uma prosa poética. Apenas uma "Prosa de de Natal". Não, não me chamo Raimundo (parodiando Drummond)., não gosto do gerúndio – e tudo já foi escrito sobre o natal. Incorporo Clarice Lispector como uma entidade mediúnica: A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar. Por destino volto com as mãos vazias. Shoppings cheios – como as novas catedrais do consumo, pacotes, gente estressada, um inferno com ar condicionado. Todos serão gentis, e depois esquecerão a ternura até o próximo natal, e a indústria precisa se renovar – o dinheiro, sempre ele. As mães, como os garotos, querem celulares de última geração e eletroeletrônicos da moda. Não é só a política que ficou irrelevante: a própria existência humana. O que aspirava? Plenitude – não perfeição. Mudou o natal?
Rezávamos em frente ao presépio, e juntos íamos à missa do galo. Mudei eu? (Todos perguntam.) Mudamos todos. Sim, fomos ficando velhos, outros morreram no meio do caminho.
Morreram pais, morreram mães, morreram irmãs, morreram amigos. Alguma entidade maior me fez depositário da memória da tribo. O passado escorre úmido – contamina o presente, Tento congelar o tempo – cristalizá-lo, para que ele fiquer sempre comigo, converter esse precioso instante em sempre, além de mim, além da vida, –até o pó que serei. Lembro-me de um piano numa tarde calma, de um subúrbio, de pão quentinho, de cadeira de balanço, de fogão de lenha, de tainha frita, de uma estação de trem, de um pé de amora, e também do mar – sempre ele. O que é o tempo? “O que é o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; Se quiser explicá-lo, já não sei”, socorre-me Santo Agostinho (354-430). Chamo Freud (1856-1939): O delírio é uma tentativa de cura do sujeito frente à catástrofe subjetiva, uma nova maneira de se vincular à realidade perdida. O que tem isso a ver com o natal? Tudo. E nada. O rio não é o mesmo – o menino talvez esteja naquela pele enrugada, mas isso é apenas um álibi compensatório, que a coisificação do mundo já não contempla. Fomos ficando para trás?
Mas também saberei rir nessa outra ceia, tantos anos depois, pois é preciso saber rir e não se dar muita importância. Brindaremos à vida – sim, à vida. O rio?

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

À FLOR DA PELE

PARA O AMIGO CARLOS ,ENVIO UM CURTO TEXTO INÉDITO  (de dezembro de 2018 e destes primeiros dias de janeiro de 2019), lembrando autores que muito amei (como alguns portugueses maravilhosos), com o fraterno e sempre grato abraço do Emanuel

À FLOR DA PELE
(PROSA POÉTICA)

(Modesta homenagem a “Rastros de Ódio (“The Searchers”), 1956, filme homérico – um dos maiores de todos os tempos – do maior mestre de toda a história do cinema: John Ford)
Lembrando (alguns) autores, obras e personagens da literatura brasileira e portuguesa que muito amei
PARA OS MEDEIROS VIEIRA
Ando tão à flor da pele/Qualquer beijo de novela me faz chorar (...)
Ando tão à flor da pele que a minha pele tem o fogo do juízo final” (...)
(ZECA BALEIRO, “FLOR DA PELE”)
Tão à flor da pele
qualquer forrest gump me faz chorar
Bentinho, Capitu
a morte da cachorra Baleia, em “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos
"Os Maias"  do grande Eça
Fernão Lopes, Camões, Anterode Quental, Mário de Sá-Carneiro 
Riobaldo, Padre Nando, o amanuense Belmiro (Guimarães Rosa Antonio Callado, Cyro dos Anjos), tantos outros não citados
o personagem Ethan Edwards (John Wayne – na sua interpretação maior e mais pungente –), de “The Searchers”(“Rastros de Ódio, 1956), de John Ford, dizendo para a menina-agora-índia Debbie Edwards (Natalie Wood – belíssima), “vamos para casa”, arrepia e transporta – outro mundo, outros valores
VAMOS PARA CASA
muitos não entenderam: não é um filme preconceituoso contra os índios (pelo contrário) – humanista à flor da pele
(eu precisei assistir ao filme onze vezes)
obra sobre a solidão
repleta de “desespero silencioso”
É A TRAGÉDIA DO HOMEM SEM LAR
a última cena é uma porta se fechando (a casa – lá fora, os grandes espaços)
qualquer verso de Fernando Pessoa legitima uma vida
campo de batalha
o lugar do combate é o nosso próprio coração
à flor da pele
Deus deveria existir
porque a vida só não basta
pena...
(Brasília, dezembro de 2018 e janeiro de 2019)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

RESTINGA DA MARAMBAIA

CARO AMIGO CARLOS
PARECE QUE O DIA PRIMEIRO DE JANEIRO NÃO É PROPÍCIO PARA ENVIAR ARTIGO.
COMO BRASILEIRO - JÁ QUE BOLSONARO ASSUME HOJE - FIZ QUESTÃO  DE ENVIAR EM PRIMEIRA MÃO PARA TI - O TEXTO ABAIXO E ANEXADO.
"RESTINGA DA MARAMBAIA" É UMA PRAIA NO RIO ONDE OS PRESIDENTES DA REPÚBLICA DESCANSAM E - HISTORICAMENTE - FOI UM DOS LOCAIS PREFERIDOS PARA A TORTURA E MORTE DE PRESOS POLÍTICOS NA DITADURA MILITAR.
FIZ QUESTÃO DE ENVIAR HOJE...
JÁ QUE ELE DISSE (LITERALMENTE) QUE A RESTINGA DA MARAMBAIA SERIA UM EXCELENTE LOCAL PARA FUZILAR A  "PETRALHADA".

MODESTAMENTE, COM A ARMA DA PALAVRA, MINHA OPOSIÇÃO COMEÇA NO PRIMEIRO DIA.
OPUS-ME (FUI PARA A RUA AOS 19 ANOS), À QUEDA DE JANGO E AO GOLPE DE 64.
E VAMOS ENFRENTAR OUTRA FORMA DE FASCISMO.

GRATO PELA EVENTUAL OU FUTURA PUBLICAÇÃO.

FELIZ E PRODUTIVO 2019 PARA TI E PARA OS TEUS SERES AMADOS!

Do Emanuel, Célia e família

RESTINGA DA MARAMBAIA

EM MEMÓRIA DE RUBENS PAIVA (1929-1971)
“Dizem que meu pai foi enterrado lá”
(Marcelo Rubens Paiva – escritor – sobre seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva (1929-1971), desaparecido, torturado e morto pela ditadura militar, cujo corpo nunca foi encontrado)
Fala-se à boca miúda nos corredores do Cisa, Cenimar e Doi que a Vanguarda Popular Celestial (como eles denominam o local que os guerrilheiros vão depois de mortos) está sediada em algum ponto da Restinga da Marambaia”(...)
É lá que os corpos dos militantes presos são jogados à noite de helicóptero: descrevem uma parábola no ar, abrem uma fenda branca na espuma e aprofundam e adormecem sem vingança possível
(Poema “Cemitério dos Desaparecidos, em “Inventário de Cicatrizes”, de Alex Polari Alverga, Teatro Ruth Escobar/Comité Brasileiro pela Anistia, Rio de Janeiro, 1978)
A Restinga da Marambaia é, hoje, local de descanso de presidentes.
O capitão eleito prometeu enviar inimigos políticos à “ponta da praia”.
(...) “Será uma limpeza nunca vista na História do Brasil”, disse.
Conforme explica Anna Vírgínia Balloussier, “ponta da praia” é uma referência à base da Marinha na Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro.
A mesma ponta da praia, com o tempo, virou um gíria entre militares da linha dura (extrema-direita) para designar lugar clandestino para interrogatório com tortura e eventual morte, explica o professor de história da UFRJ Carlos Fico.
“Naquela base militar de acesso restrito a civis, outrora entreposto de tráfico negreiro, presidentes passaram feriados, de Lula a Michel Temer”, informa a jornalista citada.
“Dizem que meu pai foi enterrado lá”, conta o escritor Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado Rubens Paiva (1929-1941), morto pelos militares, aos 41 anos.
Alex Polari Alverga foi guerrilheiro da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).Anna Virginia Ballossier relata que Polari – um dos militantes que participou do sequestro do embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig von Holleben (1909-1988), em 11 de junho de 1970 ( ação da ALN – Ação Libertadora Nacional – e VPR – Vanguarda Popular Revolucionária –), foi torturado e, anos depois, viraria adepto do Santo Daime – narrou à estilista Zuzu Angel (1921-1976), como seu filho Stuart Angel (1946-1971) morreu nas mão de agentes da ditadura, também em 1971 (conforme matéria já citada):
“Em um momento retiraram o capuz e pude vê-lo sendo espancado depois de ter descido do pau de arara”, informou Polari.
A verdade sobre o desaparecimento do corpo de Stuart Angel nunca foi esclarecida.
O presidente “é admirador de Carlos Brilhante Ustra (1932-2013), primeiro militar condenado pela Justiça brasileira por torturas perpetradas na ditadura militar".
(Brasília dezembro de 2018 e Primeiro de Janeiro de 2019)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA