CPLP

CPLP
CPLP

sábado, 23 de novembro de 2019

MURO DE BERLIM


Agora, ao completar 30 anos da destruição do Muro de Berlim, muito foi dito e escrito nos Meios de Comunicação Social.
Ao ler um Artigo sobre esta matéria, retorqui com a seguinte narrativa:


A História sempre foi uma das minhas paixões.
                           

Assim sendo, e numa perspectiva meramente analítica sob esse ângulo, desprovida, portanto, de eventuais legítimas ideologias pessoais que cada um de nós terá perante os factos, constato que:

1) É considerado aqui que Berlim Ocidental, ao ser permitido pelo "Ocidente" ser nomeado um Burgomestre para a gerir, ela (parte ocidental) foi considerada como território integrante da RFA (embora ocupada com tropas da França, EUA e Reino Unido) - mas tinha, e tem ainda, um Conjunto Monumental em honra do Soldado Soviético, guardado, à época, por Tropas Soviéticas - [conheço pessoalmente], o que, sendo verdade, foi ferramenta-prática de propaganda ocidental, pois estava em flagrante violação dos Tratados assinados entre os Aliados e os Soviéticos;

2) Nunca entendi, e continuo a não entender (?), salvo se for por razões de mera ideologia propagandista para o Ocidente, a razão de fugas através do Muro porquanto Berlim era uma "ilha" encravada em território da então RDA e havia uma estrada com estatuto internacional, através da RDA, a ligar Berlim-Ocidental à República Federal da Alemanha, que, entretanto, tinha adoptado a cidade de Bona (Bonn) como sua capital. Estaremos lembrados que, por razões que no Ocidente nunca foram explicitadas, houve uma fase que tal estrada foi encerrada por parte da RDA e, para abastecer Berlim-Ocidental, foi constituída uma denominada Ponte Aérea.
Perante estas situações geográficas, questiono-me: por que razão esses fugitivos não passavam a fronteira através dessa estrada com estatuto internacional, que tinha ainda uns bons quilómetros e seria quase impossível controlá-la toda, ou então através da vasta fronteira entre as duas Alemanhas, em áreas mais a oeste? Óbvio que aí não teriam holofotes nem Dólares à sua espera ...
Acresce que havia população que vivia na RDA e trabalhava em Berlim Ocidental, e ... vice-versa, e regressavam ao fim do dia cada um a sua casa.
Nunca encontrei resposta para isto, inclusive em Fóruns sobre o tema, quando levanto a questão, até olham para mim como suspeita de ...comunista!... Quando eu só quero ser informado ... porque não gosto de me alimentar de "comida" já mastigada ...

3) Razão OBJECTIVA do levantamento do Muro? Se fosse decorrente de fuga massiva o dito já teria sido levantado há muitos anos atrás. Ou na RDA não haveria tijolos? O que aconteceu é que a linha de separação era feita com um Risco Marcado no Chão. E uma ocasião houve - não acredito que tenha sido iniciativa da guarnição, ordens superiores terão sido recebidas ... -, rezou a história à época - que um Carro de Combate (adivinhe-se de que país ...), numa atitude provocatória, terá atravessado essa linha e virado o canhão para o outro lado.  Há fotografias disso. O que veio a gerar a Crise dos Tanques:

image.png

image.png
Tanques americanos (parte inferior da imagem) e tanques soviéticos (parte superior da imagem) frente a frente no Checkpoint Charlie durante a crise de Outubro de 1961.  

                                                          (Já estive aqui, em 2018) 


Sempre tive um espírito crítico sobre tudo que vejo, leio ou ouço, porque, por um lado, sei que nada é inocente, e, por outro, gosto de almejar a VERDADEIRA verdade, porque gosto muito de História. E esta é baseada em factos reais e não em narrativas supostamente verídicas mas que buscam outros objectivos, por vezes até obscuros, e que, na maioria das vezes, até são divulgados de boa fé com suposição de pressupostos correctos.

Nunca embarquei nisso. 

Repito: não se trata de um caso ideológico mas de perguntas que me faço a mim próprio e em fóruns sobre a matéria e nunca encontrei uma resposta ajustada!...

Carlos Jorge Mota


terça-feira, 19 de novembro de 2019

DARCY RIBEIRO

Para o amigo Carlos, com a sincera estima do Emanuel
Darcy Ribeiro foi um dos maiores educadores brasileiros e um dos idealizadores  e "criadores" da UnB (Universidade de Brasília).
Perseguido pela ditadura, passou vários anos no exílio.

O TEXTO É CURTO.
Se puderes publicá-lo no teu blogue - eu sei, o pedido é redundante... - ficaria compensado e feliz.
Com a fraternidade e a gratidão do Emanuel

Darcy Ribeiro

“Fracassei em tudo o que fiz. Quis uma escola para os índios, e fracassei. Quis um país mais justo, e fracassei. Quis fundar uma universidade de qualidade e fracassei. Mas meus fracassos são minhas vitórias. Não estaria de estar no lugar dos vencedores.”
Darcy Ribeiro (1922-1997)
Internalizando fundamente o denso e tocante inventário do mestre Darcy, fico pensando o que significam “sucesso” e “fracasso”.
É claro que eu e muitos amigos da minha geração (ou de anteriores ou posteriores) não gostariam de estar do lado desses vencedores.
Não monumentalizando minha geração (segmentos da parte mais consciente dela, a que tinha 20 anos em 1964 - 20 anos como data simbólica, rito de passagem), creio que, apesar de seus equívocos, foi uma das mais generosas da História do Brasil. Não falo por mim. Falo pelos outros.
Sucesso? No modelo capitalista e mercantil, sucesso é ganhar muito dinheiro, mesmo às custas do sofrimento alheio, ter cartão de crédito polpudo e, muitas vezes, ser asperamente individualista, cruel e puxar o tapete alheio para subir.
Isso é “vitória”.
Vitória? Não há derrota humana maior que essa.
Quem conhece a gênese da UnB, fundada por Darcy e outros grandes brasileiros, perceberá que não houve projeto de universidade mais generoso, altamente capacitado, ecumênico, autêntico e profundamente enraizado nos sonhos maiores do povo brasileiro.
Não conheço projeto de universidade tão integral (“universal” mesmo) em nossa América Latina.
Lógico: o “chega-pra-lá” dado na gente pelos golpistas de 64 devastou o sonho.
Voltando do exílio, depois de anos de anos de conquistas internas, mas de muito sofrimento, Darcy diria que “sua filha (a UnB) havia caído na vida”.
Se ela caiu na vida, não caiu sozinha.
A degradação da universidade brasileira foi ampla, total e irrestrita.
Sem exagero, o nosso curso clássico (segundo grau) com os jesuítas, era infinitamente mais profundo e melhor do que alguns cursos de pós-graduação..
O que acaba com a auto-estima de um povo é a falta de conhecimento e a ignorância.
Além da falta de fibra.
Infelizmente, as pessoas têm lido muito pouco.
A violência banalizada em todos os lugares, nas escolas, o império do tráfico, a falência da comunicação entre pais e filhos, o sonho de ser modelo ou atriz de TV, vai gerando uma sociedade de sonâmbulos morais. Ah, querido Darcy. Se todos os brasileiros “fracassassem” como o tu, o Brasil seria melhor.

Emanuel Medeiros Vieira (falecido em 29 de Julho de 2019)

terça-feira, 12 de novembro de 2019

O SENADOR E O POETA

NOTA DE CACAU MENZES SOBRE EMANUEL MEDEIROS VIEIRA - DIÁRIO CATARINENSE 30/MAIO/2018


Com o abraço fraterno do Emanuel Medeiros Vieira
Assunto: NOTA DE CACAU MENZES SOBRE EMANUEL MEDEIROS VIEIRA - DIÁRIO CATARINENSE 30/MAIO/2018
 
O senador e o poeta 
O ex-senador Nelson Wedekin escreveu um texto emocionante sobre o amigo Emanuel Medeiros Vieira, escritor catarinense indicado pela International Writers and Artistes Association para o Prêmio Nobel de Literatura. Emanuel está gravemente doente, mas não para de escrever e, como diz Wedekin, "usa sempre a palavra certeira e a frase sai ora elegante, ora aguda, ora simplesmente lírica, reminiscência de um tempo em que a sua Desterro era uma cidade acanhada, provinciana, e a vida corria simples, o tempo corria livre: amores infantis, frutas do pomar, guloseimas caseiras, celebrações religiosas, a memória carinhosa e agradecida dos pais e familiares".Quando quase tudo se perde, é a memória que nos faz lembrar quem somos e como era essa nossa Ilha, que aos poucos e para sempre vai desaparecendo.

Msg do Emanuel recebida em 30 de Maio de 2018 para publicação neste Blogue.

Emanuel já não está entre nós desde 29 de Julho deste ano de 2019

terça-feira, 5 de novembro de 2019

AMANTE DA DITADURA

Para o amigo Carlos, agradecendo a generosa (se for apreciado o texto), a inserção do texto curto no blogue.
Gratidão e afeto do Emanuel
Nunca (ou quase nunca), os democratas brasileiros (e do mundo todo) precisaram estar tão unidos!

AMANTE DA DITADURA

PARA TODOS OS DEMOCRATAS BRASILEIROS E UNIVERSAIS
1) Na enrevista que o repórter da revista “Time”(dia 22 de agosto), jornalista Matt Standy, fez com Jair Bolsonaro, ele escreveu que o candidato, autocrata, amante da ditadura, “defende a possibilidade de violência desenfreada do Estado. Iguala homossexualidade à pedofilia; apoia o ditador sanguinário chileno Augusto Pinochet, cujas capangas estupravam mulheres com cães”.

A revista ouviu Anthony Pereira, do King’s College de Londres: “Uma coisa é os EUA terem uma presidente pária. Seria outra para o Brasil. Este é provavelmente um dos maiores testes que a democracia já enfrentou”.
(Baseei-me também em informações do jornalista Nelson de Sá.)

2) A Terceira Turma do TRF (Tribunal Federal da Terceira Região), decidiu no dia 22 de agosto que A REPARAÇÃO POR DANOS CAUSADOS POR TORTURA A MILITANTE POLÍTICO DURANTE A DITADURA MILITAR É IMPRESCRÍTIVEL.
Ou seja, não perde efeito por conta de extrapolar um prazo legal.
A ação foi proposta pelo Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP contra a União e o Estado de São Paulo.

O alvo da violência dos militares foi o estudante Márcio Nascimento Galvão, preso por integrar a organização APML (Ação Popular Maxista Leninista).
Em 1971, ele ficou um mês aprisionado.
Mais tarde, Galvão foi inocentado pelo próprio Tribunal Militar.
Após a soltura o estudante foi perseguido, sofrendo consequências como dificudade de arrumar trabalho.  
(Agradeço as informações prestadas pelo jornalista Walter Nunes.)

NOSSA DEMOCRACIA – mesmo que não plena, “formal – nossa democracia, raras vezes sofreu um ataque tão sistemático e dirigido pelo protofascismo ou pelo fascismo propriamente dito.
Cabe aos brasileiros de boa vontade, democratas sinceros, não se omitirem e usar todos os instrumentos de que dispõem (como a PALAVRA) para que as trevas não voltem.
As gerações mais novass não estão informadas dos efeitos dolorosos e infamantes do Golpe de 64.
Na medida do possível, é nosso dever esclarecê-las.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA (falecido em 29 de Julho de 2019)

Nota: Publicado também no Blogue www.praiadexangrila.com.br, segundo sua msg que me foi dirigida em 25 de Agosto de 2018.