CPLP

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sexta-feira, 31 de maio de 2019

BARCO

BARCO

“Tenho me convivido muito ultimamente e descobri com surpresa que sou suportável, às vezes até agradável de ser. Bem. Nem sempre”.
(Clarice Lispector)
“Nesta foto do tempo de criança/o que mais me encanta/não é nossa alegria de infantes/mas a réstia de luz de uma manhã/brilhando no chão de uma varanda// Ninguém apaga este sol que nos chega da infância”.
(Miguel Sanches Neto)
Meu barco me levará até o teu sonho.
Mapeio territórios, procuro bússolas, cartas de navegação.
Velas ao vento– singrando os Sete- Mares.
(Não quero ser o navegador do Apocalipse.)
O barco segue comigo – como o mar.
A vela só vale acesa.
E neste barco, penso em regatas e domingos azuis.
Voltarei a colher flores nas manhãs orvalhadas?
Vai, meu barco – esta jornada.
(Cantil cheio, pão de centeio.)
Segue, meu barco!
Segue.
Os veros viajantes estão no exílio?
Não quero só pranto – mas a redenção.
Navega com o meu barco – coração –, navega.
Alvíssaras!

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

quarta-feira, 22 de maio de 2019

CORRUPÇÃO TAMBÉM É CRIME

“CORRUPÇÃO TAMBÉM É CRIME”
   
A Campanha da Fraternidade de 2018 foi lançada na Quarta-Feira de Cinzas, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O tema deste ano “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema “Vós sois todos irmãos”.
“Os grupos sociais vulneráveis são as maiores vítimas da violência”, afirmou o presidente da entidade, cardeal Sérgio da Rocha (de Brasília).
Segundo o clérigo, a campanha deste ano aponta formas e tipos de violência no Brasil, dando destaque às praticadas contra os negros, os jovens e as mulheres.
O presidente da entidade listou também como prática violenta a corrupção.
“A corrupção é uma forma de violência e ela mata”, disse o cardeal.
“Ao desviar recursos que deveriam ser usados em favor da população, os políticos acabam promovendo uma outra forma de violência contra o ser humano, a miséria”, reforçou o cardeal.
Eu complementaria: não só os políticos, cardeal.
O religioso também criticou também os políticos que vêm adotando em seu discurso o uso da violência como forma de combate à violência.
Numa leitura mais profunda, Dom Sérgio da Rocha, está combatendo o fascismo como forma de superação da violência.
“É UM EQUIVOCO ACHAR QUE SUPERAREMOS A VIOLÊNCIA, RECORRENDO A MAIS VIOLÊNCIA”, arrematou.
Na Bahia, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil (catarinense de Brusque) afirmou: “Vamos trabalhar para a cultura da paz prevaleça, domine a gente viva em um mundo onde, ao menos, haja respeito mútuo.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 7 de maio de 2019

DESTERRO

DESTERRO 

Desterro cumpriu-me
e cumpriu-se.

O rio começava atrás de casa
(como eu),
e foi embora – afluentes.
Vento sul, Campo do Manejo, Rita
Maria, Rio da Avenida, Miramar,
bala queimada, Catecipes, Praia do Muller,
procissão do Senhor Morto, Cine Rox,
gibis, Grupo Escolar Dias Velho,
Chico Barriga D’Água, paixão camuflada pela menina
da Rua de Cima – ela nunca soube.)
Só enuncio: acumulo – sobrecarregado.

O rio foi embora.
Casa demolida, mãe na soleira da porta, pitanga no
quintal, regata na Baía Sul, matracas, turíbulos, trapiche da
Praia de Fora, gaita-de- boca, groselha, tainha frita,
fogão de lenha, beliches, pé de amora.

Perdeu-se o rio: não sei do seu delta.
Perdi-me: tiro certeiro na gaivota.
A rua pequena, era a maior do mundo – coração.

Desterro inunda-me:
outrora/agora.

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA