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domingo, 9 de abril de 2017

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?
(OUVINDO – E ESCUTANDO SEMPRE –“HALLELUJAH”, DE LEONARDO COHEN)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
PARA AS CRIANÇAS DA SÍRIA

NENHUM HOMEM É UMA ILHA ISOLADA (...)
E POR ISSO NÃO PERGUNTES POR QUEM OS
SINOS DOBRAM: ELES DOBRAM POR TI
 (JOHN DONNE (1572–1631).
É a lógica da guerra, é a essência do poder: é justo matar os inimigos. É injusto matar os nossos.
É claro: não há mais tempo para ingenuidades. A estrutura que domina o mundo é poder, dinheiro, tráfico de armas etc.
E com a ascensão de grupos fundamentalistas, da extrema-direita, do terrorismo em todo mundo, essa perversa lógica mercadológica vai prevalecer.
Como continuar? Escuto novamente “Aleluia”, e mais Mozart e Bach.
Apenas palavras. Eu se: somente palavras. Mas é o que me resta.
A barbárie e a crueldade extrema que são o uso de armas químicas não são fatos novos na história do mundo.
Eu sei, é a institucionalização da barbárie.
A ONU é um fantoche dos interesses imperialistas – de que lado for.
Na Guerra da Síria – seis anos de existência, quase 500 mil mortos, milhões de refugiados – não há santos.
Bashar  El-Assad  mata seu próprio povo com armas químicas. E os rebeldes também a usam. Santos? Que santos?
Uma pausa – havia dito que o uso de tais armas não é novo na História.
Historiadores relatam que há mais de dois mil anos, os gregos (pais da democracia moderna...) lançavam flechas envenenadas sobre os inimigos.
Em larga escola foram usadas na Primeira Guerra Mundial, quando o mundo “tomou conhecimento dos efeitos devastadores do gás mostarda”.
Mais de 100 mil pessoas morreram – segundo estatísticas – vítimas de armas químicas no conflito.
Na Segunda Guerra, nos nazistas usaram o “zyklon B” e o gás cianídrico
O governo americano subestima a nossa inteligência E O PODER DA MEMÓRIA.
Talvez as novas gerações não saibam.
O que os americanos fizeram no Vietnã foi de uma perversidade sem adjetivos, de uma crueldade que espanta mesmo as consciências mais conservadoras. Usaram à vontade napalm, destruindo aldeias, matando civis inocentes e destruindo o que podiam.
Algo horrendo para a consciência civilizada e democrática.
(E perderam a guerra. Autodeterminação dos povos não é um conceito vazio.)
Por quem os sinos dobram?
Dobram pelos refugiados – que a extrema-direita mundial coloca como o primeiro inimigo.
Só falta os fascistas proclamarem: “mate os seus vizinhos”.
Por quem os sinos dobram? Dobram por todas as crianças do mundo, abandonadas, órfãs, perdidas nos oceanos, ignoradas pelo mundo.
Os sinos dobram pelos humanistas.
O uso de armas químicas é proibido pela Convenção de Genebra desde 1925. Mas qual nação liga para convenções?
Na guerra mais longa do Século XXl, são muitos os interesses geopolíticos em jogo:
envolve os interesses da Rússia, aliada da Síria desde a existência da  União Soviética. Mexe com interesses do Irã, da Turquia, do Estado Islâmico, de grupos como  Hezbollah (“O Partido de Deus”), e também de Israel, do Reino Unido ( que nas Guerras do Golfo, com o “cachorrinho” dos americanos chamado Tony Blair  aderiu às invasões do Iraque), da China e outros países e grupos. Sem falar no grande Império: Estados Unidos.
Invasão feita, mesmo que nunca se comprovasse que Saddam Hussein, no Iraque, tivesse armas químicas ou fosse aliado da Al Qaeda.
ALGUÉM DISSE DEPOIS DA FAMÍLIA BUSH, COM ALIADOS, TER INVADIDO O IRAQUE: “ELES ABIRAM AS PORTAS DO INFERNO”.
Nunca mais foram fechadas. E os demônios estão todos à solta.
No Afeganistão, Iraque, Líbano, em todo o Oriente Médio e em outras nações.
O grande escritor Ernest Hem Hemingway (1899-1961), no seu belíssimo e denso romance “Por quem os Sinos Dobram”, usou os veros de John Donne  como título de sua obra.
OS SINOS DOBRAM POR TODOS NÓS!
(Salvador, abril de 2017)  

segunda-feira, 3 de abril de 2017

TERCEIRIZAÇÃO

   “TERCEIRIZAÇÃO
 (Textinho panfletário)
Para Beatriz e Tetê, sobrinhas e amigas – Juízas do Trabalho que honram o seu ofício, com extrema competência e profundo Humanismo
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Escutando a “A Ave Maria” de Schubert, na voz de Helene  Fischer
(...) Vós, porém, quando chegar/o momento/em que o homem seja bom para o homem/lembrai-vos de nós/com indulgência”
(Bertolt Brecht – “Aos que vierem depois de nós” (tradução de Manuel Bandeira)
A escravidão acabou?
Uma penada da princesa Isabel não a extingue:
 Ficam as sequelas, as muletas, as viúvas, a dor que não vai embora.
Porque ela – a escravidão – está internalizada em corações e mentes
Escravidão tecnológica moderna
E vamos-nos acostumando – cansados de tudo, de utopias aniquiladas, de sonhos desfeitos, de cacetadas de todos os gêneros.
Mas é preciso continuar – sempre. Resistir?
Muitas palavras já não esclarecem: confundem, para enganar – camuflar a verdade.
É redução de empregos, é redução de salários, é redução de direitos, é redução da luta sindical,
É o desejo de acabar com a Justiça do Trabalho
Mas as vozes de sempre, dizem o contrário: “vai gerar empregos, a CLT não será afetada”.
Redução da vida, redução da esperança.
Reiterada vitória da mentira, dos bancos, da grande mídia – sempre o grande capital.
Acreditem: não queria ser panfletário.
“Cuide-se: vão chamar-ter novamente de pessimista”, proclama uma voz interior.
Somos poucos (?) mas, quem sabe, pareçamos muitos.
 (Salvador, março de 2017)