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sábado, 29 de dezembro de 2018

MENTIRAS SOBRE A PREVIDÊNCIA

MENTIRAS SOBRE A PREVIDÊNCIA
PARA OGIB FILHO (E SEUS COMPANHEIROS), QUE TÊM COMBATIDO O BOM COMBATE

Parece um “clássico”: a estória da mentira repetida.
É sempre citado o pensamento de Joseph Goebbels (1897-1945), Ministro de Propaganda da Alemanha Nazista: “Uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”.
É o que está sendo feito pelo governo Temer em relação ao projeto da Reforma da Previdência.
Tal proposta inscreve-se em um objetivo maior: O DESMONTE DO ESTADO BRASILEIRO.
Os governos, os banqueiros e as grandes empresas que patrocinam a propaganda maciça das TVs, não permitem que as principais emissoras falem de outra coisa a não se do “déficit” da Previdência.
Os leitores não perceberam – como observou Caros Zacarias de Sena Júnior, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia” – que aqueles financiadores das campanhas não repercutiram o relatório da CPI da Previdênciaque   confirmou o que as entidades dos auditores e os estudiosos afirmam: o discurso do déficit é uma farsa.
Segundo o relatório – de 253 páginas – da Comissão, “é possível afirmar com convicção inexiste o déficit".
Segundo o texto, os principais problemas são o montante da dívida ativa das grandes empresas, que chega a R$ 2,4 bilhões e as sucessivas prorrogações da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que segundo a Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), retirou cerca e R$ 500 bilhões da Seguridade Social entre 2005 e 2014.
O governo mente e distorce a realidade”, afirma categoricamente José Medrado, estudioso do tema.
Ele dá um exemplo: um grande executivo, que trabalha na iniciativa privada e tem um excelente salário de R$ 30 mil paga oito por cento, só isto, “sobre o texto máximo da Previdência, que é de R$ 5,531,31, logo recolherá somente R$ 442,50”.
Já um servidor público, que se ganhar a metade deste valor. R% 15 mil, pagará 11% e desembolsará R$ 1.650, quase o triplo do servidor privado. Logo, se ganhar os mesmos R$ 30 mil, desembolsará R$ 3.300,00. Como se pode ver, há bastante diferença na contribuição de cada um.
Não quero divinizar o servidor público, mas lembro que todo funcionário público CONTINUA  PAGANDO A APOSENTADORIA MESMO DEPOIS DE APOSENTADO, o que não ocorre com o empregado da iniciativa privada.
Desde 2003, todo cidadão que entra no serviço público já se aposentará pelo teto da previdência privada, recolhendo também da mesma forma, mas sem o FGTS.
O governo trabalha com o ressentimento social, gerando uma espécie de ódio entre cidadãos, para que seja criada uma profunda indignação, pela desinformação geral.
Entre outros objetivos, o que o governo quer mesmo é incentivar a previdência privada passa a enriquecer ainda mais os bancos – que já ganham muito e nos espoliam.
Lembrem-se da CAPEMI, GBOEX e tantos outros bancos que engoliram poupanças de milhares de brasileiros. Vejam os resultados.
Nossos governantes estão Sempre de joelhos para os grandes bancos, e querem ajudá-los mais ainda. Estamos assistindo a maior transferência de renda que a história econômica do mundo já assistiu.
E não falamos dos gastos do governo para salvar a pele de Temer e seu núcleo, e agradar deputados para que votem a seu favor.
Quanta hipocrisia!
Medrado indaga: “Como entender um déficit da previdência dos servidores, se continuamos a pagá-la, mesmo estando aposentados?
Para atrair apoios, só mesmo fazendo compras no Congresso” (Janio de Freitas, falando sobre o desditoso e mentiroso governo Temer).
O que o governo vem fazendo é de uma enorme vileza: propaganda enganosa, praticando a mentira – tão enraizada em nosso perverso modelo de capitalismo tupiniquim.
Eu sei que o assunto é chato, mas é preciso falar sobre ele.
Déficit? E a fiscalização corrupta?
“Fake news? É no Brasil mesmo. Onde a palavra mentira é tão presente quanto a própria”, observa Jânio de Freitas.
Só a Verdade nos libertará!
(Salvador, Bairro da Graça, dezembro de 2017)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

ULYSSES

ULYSSES
                       
No fundo do mais fundo: ELE SÓ QUER VOLTAR PARA CASA.
E O NOME DELA É ÍTACA.
O cavalo de madeira: ardil – astucioso que era – para ajudar o Exército Grego
 a entrar na cidadela inimiga: Cavalo de Troia.
 (A Guerra parecia perdida.)
de madrugada, os gregos saem de dentro do cavalo e tocam fogo em Troia.
duríssima  jornada
Antes da chegada, Ulysses vai para a Ilha de Calipso
Vence as tentações para encontrar Penélope – a mulher que ama.
(Sim: fez tudo por amor.)
Mas eram muitos os pretendentes – queriam a mulher que Ulysses ama.

E Ela é a Mulher que espera/espera.
Sempre fiel – a ele e aos seus valores
Sozinho, chega a CASA, disfarçado de mendigo,
O que o Rey Ulysses só queria era voltar para Penélope, o filho Telêmaco – A CASA.
Uma das narrativas fundadoras (e das mais belas) da Literatura – do nosso Pai Fundador Homero – é a história de um Homem que quer voltar para CASA.
Quando ele chega, não há mais a “Tragédia do Homem sem Lar”.
Ulysses está em Casa.


EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

BRASIL HOJE: FRAGMENTOS E CITAÇÕES

BRASIL HOJE: FRAGMENTOS E CITAÇÕES

“NOVO MINISTRO É O CABO DACIOLO INTELECTUALIZADO”
A frase é de Clóvis Rossi e refere-se à escolha de Ernesto Henrique Fraga Araújo para ministro das Relações Exteriores do Brasil, “indicado” por Olavo de Carvalho, ideólogo e “guru” do novo governo.
É uma REGRESSÃO em um ministério de qualificados quadros.
É o retorno a um nacionalismo tosco e caricato, “em nome de Deus”, contra o que chama de “globalização”
Em seus delírios místicos, o novo ministro acredita que a globalização passou a ser dirigida pelo “marxismo cultural”.
O novo chanceler erige Donald Trump como o ideólogo, o “cavaleiro andante que resgatará o Ocidente de sua suposta decadência terminal”.
“Ele é tão medieval e místico que vai reatar relações com Os Templários! E convocar os brasileiros para uma Cruzada contra a globalização”. (José Simão).
Conclui Clóvis Rossi: “O assustador é pensar que essa cabeça tomada pelo misticismo conduzirá a diplomacia brasileira doravante, na batalha contra demônios que ou inexistem ou não têm a formação imaginada por Araújo”.
Ou Deus de fato resolve interferir ou o Brasil corre sério risco de virar um faz-me rir universal”.
MAIS MÉDICOS – MÉDICOS CUBANOS”
"E se eu estiver doente no interior do Ceará eu quero um médico humano. Tanto faz cubano, paulistano ou marciano. Só quero ver o médico brasileiro topar trabalhar lá no rebimboca da parafuseta”. (José Simão)
Quem é rico, tem bom Plano de Saúde, não se importa.
O jornalismo subserviente, que adula todos os governos de direita, há décadas, não sabe ou finge não saber que centenas de municípios brasileiros ficarão sem médicos.
A maioria dos nossos médicos –- com honrosas exceções – quer ficar na capital, nos grandes centros.
Solidariedade? Compaixão?
São palavras que não estão no dicionário mental de muita gente.
“Alguém poderia informar ao presidente eleito que foi no Brasil, não em Cuba, que, em 2018, 40% dos médicos recém-formados foram reprovados no exame do Cremesp e quase 70% demonstraram não saber medir pressão? Resta saber quais doutores irão para onde estavam os cubanos.” (...)
(Zara Figueiredo Tripoli)
Como disse alguém, “a violência sexual contra crianças é abominável, mas acusar sem provas só causou dor e atirou uma pessoa na tortura”.
A signatária refere-se ao relato de Luis Alves deL ima sobre asatrocidades que sofreu “com a concordância de um senador “evangélico” não reeleito (PR/ES).
O cidadão apanhou tanto na prisão que não pode mais exercer seu trabalho de motorista, porque ficou praticamente sem visão. Sem dentes e quase cego, processa o senador, a quem acusa de ter feito um teatro midiático , fazendo o papel de acusador (sem provas) delegado e juiz.
Todos os direitos do acusado foram ignorados.
Acusado de molestar a sua filha, ficou provado que não o fizera.
E agora?
Provavelmente, o senador “evangélico e homem de família” - FAMÉLICO EM BUSCA DE PODER -, pegará um ministério no “moralista” governo Bolsonaro.
QUEM SABE, O MINISTÉRIO DA FAMÍLIA.

REGRESSÃO E TREVAS. ESTEJAMOS PREPARADOS.
O PIOR É QUE AS PESSOAS ESTÃO SE ACOSTUMANDO - naturalizando” (“é assim mesmo”) com a as maiores aberrações. Quem resiste é demonizado.
RESISTIR é obrigação EXISTENCIAL DOS DEMOCRATAS DO BRASIL!
A mídia bolsonarista (ou quase) não gosta da palavra “resistir”. Mas ela nos engrandece, NOS TORNA MAIS HUMANOS.
REPITO: RESISTIR!
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

"BOLHAS DIGITAIS” E OUTROS TEMAS

“BOLHAS DIGITAIS” E OUTROS TEMAS
(E MARILLE FRANCO E ANDERSON GOMES)

Michiko Kakutani – que foi crítica literária do “New York Times” por quase quatro décadas –medita sobre a “erosão do valor dos fatos e do conhecimento, na Era Trump.
Autora do livro “A Morte da Verdade”, ela afirma, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, que “a ascensão da subjetividade e os ataques acelerados aos fatos são resultado de várias dinâmicas simultâneas, incluindo o argumento pós-moderno de que não existe verdade objetiva”.
Isso vale para o Brasil de hoje.
Para ela, as redes sociais contribuíram para isolar as pessoas em “bolhas”, conversando só com pessoas que pensam como elas e expostas apenas a informação que tende a ratificar crenças preexistentes.
Kakutani adverte que ”outros fatores deram combustível à ascensão do populismo nesta era em que a globalização, as mudanças tecnológicas (...), criaram ansiedades em pessoas que temem perder seu emprego e seu status – ansiedades que as fazem suscetíveis a apelos de políticos inescrupulosos à raiva e ao medo”.
Além disso, ESTAMOS ATORDOADOS PELA SOBRECARGA DE INFORMAÇÕES.
O (suposto) triunfo da democracia liberal deu lugar a um ressurgimento do autoritarismo ao redor do mundo – do qual não escampamos.

A DEMONIZAÇÃO DA DIFERENÇA
Junto com a negação da verdade, num clima de histeria coletiva, ocorre a DEMONIZAÇÃO de quem pensa diferente, das minorias e dos setores mais vulneráveis da sociedade.
MESMO CORRENDO O RISCO DE USAR PALAVRAS DESGASTADAS PELO USO CONTÍNUO, PERCEBE-SE CLARAMENTE O RENASCIMENTO DO FASCISMO E DO NEONAZISMO.
Ataques virulentos são feitos ao que é diferente da “norma”.
É O TRIUNFO COMPLETO DO ANTI-INTELECTUALISMO.
Como ocorre diariamente nos EUA com Trump – desqualificando brutalmente trabalho da imprensa séria –, tais ecos já são sentidos no Brasil.
Como disse Katherine Graham, que foi “Publisher” do jornal “The Washington Post” na era Watergate, “NOTÍCIA É AQUILO QUE ALGUÉM DESEJA SUPRIMIR. O RESTO É PUBLICIDADE”.

MARIELLE E ANDERSON
Muitos já fizeram e fazem a mesma pergunta: os assassinos da vereadora MARIELLE FRANCO do motorista ANDERSON GOMES serão punidos?
Faz mais de oito meses da morte de Marielle e de Anderson (em 14 de março de 2018) e a impunidade perdura.
O general Richard Nunes, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, afirmou, no dia 21 de novembro, que milicianos e pessoas ligadas ao poder público e ao meio político tramaram a sua morte.
De acordo com ele, os principais suspeitos do complô já foram identificados e a polícia está agindo de forma cautelosa para embasar a condenação dos suspeitos pela Justiça.
Esperamos que os assassinos e mandantes – mesmo com influência, dinheiro e poder que detenham – sejam presos , julgados e punidos.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sábado, 24 de novembro de 2018

ESCOLA SEM PENSAMENTO. ESCOLA SEM PARTIDO

ESCOLA SEM PENSAMENTO
ESCOLA SEM PARTIDO

EM MEMÓRIA DO PROFESSOR XAVIER – MEU PAI E REFERÊNCIA ILUMINADORA
PARA LÍDIA LOPES MIRANDA (QUERIDA COMADRE) E BAILON TAVEIRA VILA NOVA – HUMANISTAS E COMPETENTES PROFESSORES
EM MEMÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA

“Teremos um governo que procurará levar as pessoas a acreditar que o verdadeiro responsável pela crise nacional (...) não é o sistema financeiro nem a classe política e seus movimentos suicidas. O verdadeiro responsável pela crise nacional é o professor de história. (...). Tudo isso nos mostra como essa regressão que o Brasil vive é o segundo capítulo de uma história que começou com na ditadura militar. (...) Isso é apenas uma prova de que, como diz Freud, nunca se vive totalmente no presente. (...). Nessa forma de conflito, nem os mortos estão salvos.”
(VLADIMIR SAFATLE)
(...) “O neonazifascismo teocrático chegou. Se a bancada da Bíblia é insuficiente, pelo menos por ora, o tripé firma-se bem sólido: os bois do agronegócio, com o poder econômico; as balas dos armamentistas, com o poder da intimidação; e as Bíblias dos evangélicos, para alimentar o mito messiânico”.
(JORGE COLI)
Na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o general fascista/falangista Millan-Astray proclamou: “ABAIXO A INTELIGÊNCIA! VIVA MORTE”
É isso o que queremos?
Vamos ser claros: os defensores do programa ”Escola sem Partido” renegam o pensamento, têm pavor da inteligência.
Preferem a barbárie à civilização.
Joel Pinheiro da Fonseca adverte que o chamado programa Escola sem Partido funcionará como uma mordaça aos professores, “que se sentirão permanentemente vigiados e passíveis de punição se demonstrarem qualquer preferência ideológica e política” (..).
Como disse alguém, professores são um perigo, “não porque eles façam nossas crianças pensarem isso ou aquilo, mas porque as fazem pensar”.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?

O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?
 
TORTURA (TORTURADORES)

“DA NÃO ESCRITA TEORIA DOS SONHOS”

“Os torturadores dormem tranquilos têm sonho cor-de-rosa/os bonachões genocidas a quem já perdoou/a curta memória humana (...)
O sino da memória não desperta fantasmas nem pesadelos/o sino da memória repete a grande absolvição./
Por que o sonho – o refúgio de todos os seres humanos/recusa a sua graça às vítimas da violência/ por que à noite sangram entre lenços limpos/e entram nas suas camas como nas câmaras de torturas/como na cela da morte como na sombra da forca/afinal eles também tiveram uma mãe e viram o bosque a clareira a macieira em flor a rosa/quem baniu tudo isso dos recônditos das almas(...).
Então por que seus rugidos despertam de noite os familiares inocentes/e irrompem mais uma vez numa fuga insana/batendo a cabeça na parede e depois não dormem mais/fitando obtusamente o relógio que nada mudará/o sino da memória repete o grande pavor/o sino da memória imutavelmente soa o alarme/
Deveras é duro confessar que os torturadores venceram as vítimas para toda a eternidade da vida já estão derrotadas/
Assim precisam por si mesmas conciliar-se com este castigo sem culpa/ (...)
Não existe mais o lugar para prestar queixa/vereditos inconcebíveis profere o tribunal dos sonhos”
ZBIGNIEV HERBERT (1924-1998) – considerado um dos principais nomes da literatura polonesa no século 20

Nos trópicos, todos eles torturadores) dormem ou dormiram tranquilos Ou morreram com lençóis limpos, homenageados por altos hierarcas – sempre reverenciados.
Aqui: a impunidade perpétua que reina neste país, onde a escravidão ainda está internalizada e enraizada nos corações e mentes.
Não falo do Chile, do Uruguai, da Argentina.
Sempre “conciliamos por cima” e endeusamos o deus ”mercado”.
Quando comemoramos os 30 anos da Constituição de1988, o presidente do STF, aproveita para dizer que o golpe, a ditadura e o regime militar de 1964, foram apenas um “movimento”.
É um escárnio à História e às vítimas da ditadura. IGNORÂNCIA?
Em 1979, o governo militar promulgou a Lei de Anistia, que concedeu perdão (indulto) a “militares envolvidos em violações aos direitos humanos anteriores àquela lei”.
De certa forma, foi a completa consagração da impunidade
As palavras do presidente do STF “revelam um total desconhecimento da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A CNV concluiu que detenções ilegais e arbitrárias não constituíram “excessos” ou ”abusos”, “mas sim uma política de Estado, com uma cadeia de comando”.
A CNV identificou 434 casos de mortes e desaparecimentos de pessoas sob a responsabilidade do Estado durante o período de 1946-1988, conforme artigo assinado por José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso.
Uma forte onda autoritária – onde alguns partidos neofascistas e neonazistas integram coalizões governamentais- – varre a Europa.
E para tristeza (não DESISTÊNCIA) nossa, chegou ao Brasil.
“Esse revisionismo negacionista da ditadura de 1964, constrangedoramente, vai ao encontro desta onda”, afirmam os autores citados.
(Então não me peçam: “deixe de falar sobre temas dolorosos ; precisamos esquecer tudo”.)
Parafraseando Friedrich Nietzsche: a mim não foi concedido o benefício do esquecimento.
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 6 de novembro de 2018

MÍDIAS SOCIAIS (OU ANTISSOCIAIS?)

MÍDIAS SOCIAIS (OU ANTISSOCIAIS?)

Muitos acreditam que a disseminação feroz das mídias sociais, em muitas ocasiões, está LIBERANDO OS PIORES INSTINTOS DO SER HUMANO.
A raiva, a inveja, o preconceito, a perversidade, a covardia de "falar" anonimamente" (mesmo podendo ser descoberto).
Nega a divergência, afeta A DEMOCRACIA COMO VALOR UNIVERSAL, faz brotar a intolerância, o espírito inquisitorial, o ódio ao diferente e a repulsa ao pobre.
São tempos difíceis. A intolerância varre o mundo, não só o Brasil.
Pessoas recebem mensagens e não checam. Repassam. Destroem reputações.
Será um projeto que une intolerância religiosa neopentecostal, violência policial contra os setores mais marginalizados, e formação de um poder hegemônico e totalitário (massacre de indígenas, hipertrofia e hegemonia total do agronegócio - por exemplo).

Outros, vão mais além e dizem que, em certo sentido, a internet está diluindo ou exterminando a DIMENSÃO TRANSCENDENTAL DO SER HUMANO.
Creio que não é a internet - inquestionável avanço. MAS O USO QUE SE FAZ DELA.
É UM PROBLEMA NOSSO, DO HOMEM, DO HUMANO.

OU MUDAMOS OU PERDEREMOS TODA A DIMENSÃO QUE ENGRANDECE O QUE CHAMAMOS DE  "VIDA": o respeito ao outro, a generosidade, a solidariedade e a compaixão - E A DEFESA INTRANSIGENTE DA DEMOCRACIA.
CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?
(Brasília, novembro de 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

BREVIÁRIO

BREVIÁRIO
(Ou Livro das Citações)

(...) “Disse a mim mesmo repetidas vezes que não existe outro enigma senão o tempo, essa infinita urdidura do ontem, do hoje, do futuro, do sempre e do nunca”.
(Jorge Luis Borges – “O Congresso”, em “O Livro de Areia”)
O Tempo – sempre
pó, sombras, finitude, meu breviário, bíblia da jornada – inelutável calendário,
 mar azul ao fundo, menino, velho, defunto.
o Tempo e seus presságios
 meu fio-terra particular  (subjetividade dilacerada) – e rosto no espelho (todos os dias)
bússola desgovernada, errático astrolábio
a vida escorre – sempre celebrada
(Mesmo que a morte tenha mais tempo)
Novamente, lembrei-me de Borges (...) : “Também a mim a vida deu tudo. A todos a vida dá tudo, mas a maioria ignora isso. (...)
(“Undr”)
Breviário, epístola, palavra, revelação, mãe, imortalidade – e o tempo e o mar
(Quem sabe, Deus)
A Eternidade é um dia – A Eternidade e um dia
E só essa vida. Só essa. Nunca mais. 

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

terça-feira, 23 de outubro de 2018

FAKE NEWS

FAKE NEWS 

1) Fake News" parecem notícias verdadeiras, mas são propositalmente falsas. 
"Por isso, a tradução jurídica mais adequada deveria ser 'notícias fraudulentas' e não notícias falsas, pois há em sua produção vontade de enganar", como observou Joel Pinheiro da Fonseca.
As agências de checagem de fatos têm se mostrado incapazes de conter a maré das"Fake News".

E a "Folha"(de 18 de outubro de 2018) estampou, em manchete de primeira página, que empresas, ligadas a Bolsonaro, estão bancando "disparo de mensagens anti-PT nas redes".

2) O mesmo jornal "Folha de São Paulo" classifica - EQUIVOCADAMENTE- o candidato Jair Bolsonaro de "direita" e não de"extrema-direita".
Engana-se. A imprensa mais importante do mundo usa variações do conceito de extrema-direita para referir-se ao capitão reformado - como lembra Paula Cesarino Costa, "Ombudsman"  da publicação.

Basta citar  jornais como  "The Economist","Financial Times", "The Guardian", "El País", "The New York Times","The Washington Post", "Le Monde","Clarin" e "La Nacion", entre outros.

E PROCLAMO: ELEIÇÃO SEM DEBATE É FRAUDE!
ELEIÇÃO SEM DEBATE É ILEGÍTIMA!

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

(Brasília, outubro de 2018)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

PALAVRAS NO CALOR DA HORA

PALAVRAS NO CALOR DA HORA


EM HOMENAGEM A CELSO MARTINS
.
MIL MEMÓRIAS VIERAM À MINHA CABEÇA.
CONHECI-O QUANDO VOLTEI À ILHA, JANEIRO DE 1972, E LOGO NOS TORNAMOS GRANDES AMIGOS.
Criamos jornais alternativos, boletins, cooperativas, o diabo, na luta contra a ditadura.

FIZ A APRESENTAÇÃO DO SEU PRIMEIRO LIVRO DE POEMAS, EM 1981 INTITULADO  "VIDA DURA"- tocante obra (inventário de uma geração).
E depois, a amizade ficou granítica. ETERNA.
Nem a morte nos separa.
Vai comigo à eternidade.
Celso Martins:
Foi um combatente, um lutador, de associações, DEU VOZ AOS ANÔNIMOS DE SAMBAQUI, DE SANTO ANTÔNIO, DE TODA A REGIÃO, com um carinho imenso pelas figuras "sem nome", pelas festas de raiz açoriana, o Divino, as farinhadas, fotografando, escrevendo etc.
SEGUIU AS LIÇÕES DE TOLSTÓI: PARA CONHECERES O MUNDO, CONHECE A TUA ALDEIA.

SUA OBRA SOBRE A REPRESSÃO BRUTAL DA OPERAÇÃO  "BARRIGA-VERDE" É FUNDAMENTAL. SEM EXAGERO: JÁ É UM LIVRO CLÁSSICO DO PERÍODO.

Lembro DEMAIS dos combatentes (esqueço nomes- me perdoa)  já "encantados" e lutaram junto com o Celso, contigo, conosco: queridos amigos, como Vera, Rosana, Aristeu, Adolfo, Motta, Jarbas, Galotti, Cirineu, Marcos,  Verzolla e tantos outros, que a memória resiste em lembrar. MAS ESTÃO TODOS NO MEU CORAÇÃO!*
*RELEVA OS MUITOS ERROS DE DIGITAÇÃO E OS OUTROS.
 PELO CÂNCER  (sem vitimismo) estou com dificuldade de escreveder.
CELSO MARTINS, MARGARETH, ANITA: presentes!!!!!

E FAÇO A PERGUNTA FINAL: amigo Celso - O QUE ESTA MORTE FARÁ COM TANTA VIDA?
(BRASÍLIA, 11 DE OUTUBRO DE 2018)

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CAPITÃO DO MATO

CAPITÃO DO MATO

Como disse alguém, “os senhores de engenho da bancada ruralista, com o apoio do capitão do mato Michel Temer querem construir uma ponte para o passado pavoroso da escravidão”.
É uma negação do Humano.
A consciência dessa gente é feudal.
Internalizaram a ideia do chicote e da senzala.
A democracia é um valor que perturba e incomoda esse tipo de pensamento.
O Iluminismo não chegou a eles.
Como poderemos querer que o Brasil  possa ser transformado  com esse tipo de pessoas dirigindo o país?

(Salvador, Bairro da Graça, outubro de 2017)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

SERPENTE NO OVO: O NOVO FASCISMO BRASILEIRO

SERPENTE NO OVO: O NOVO FASCISMO BRASILEIRO
Com violência, "Fake News", apoio dos grupos evangélicos mais reacionários, de donos da mídia, dos banqueiros, dos rentistas, do chamado "mercado" que sempre VAMPIRIZOU O POVO BRASILEIRO, uma figura menor, fascista, nostálgica da tortura, homofóbica, misógina e reacionária como Bolsonaro, cresce nas pesquisas e, para a total desgraça da democracia, pode até ganhar as eleições..
É uma regressão.
Lembro-me de 1964.
(E, contextualizando, recordo-me da República de Weimar (1919-1933), na Alemanha.
Num conflito geral, todos achavam que "domariam" Hitler. Deu no que deu. E ele foi eleito!
Preso político, fui torturado pessoalmente, com revólver enfiado na minha boca, em dezembro de 1970, pelo ídolo do candidato fascista: o coronel Brilhante Ustra.
Que lavagem cerebral é essa?
COMO UM POVO QUE SUPORTOU 21 ANOS DE UMA INFAME DITADURA, EM NOME DE UMA PSEUDO ORDEM, QUE SÓ FAVORECE À MINORIA, QUER ELEGER FIGURA TÃO NEFASTA?
Não podemos calar a boca.
Até um empresário como Ricardo Semler afirmou: "Reconheço que as elites deste país sempre foram atrasadas desde antes da ditadura e nada fizeram de estrutural para evitar o sistema de castas que se instalou".
Não podemos deixar que o pavor instruir nossas escolhas.
Para Vladimir Safatle, o cálculo é claro: (...) "Em um país como o Brasil, essa pauta de ajustes neoliberais só pode ser realmente implementado à bala, sob os auspícios de um governo autoritário, que cavalga na mobilização contínua da brutalização social, do desprezo fascista pelos setores mais vulneráveis (índios, negros, mulheresm LGBT, refugiados) e do anti-intelectualismo ressentido que sempre animou parte da classe média brasileira". (...)
É uma espécie de ESPÍRITO ESCRAVOCRATA, da barbárie contra a civilização, que anima "esse" fascismo.
SERÁ UM TREMENDO RETROCESSO SE A "SERPENTE" ALCANÇAR NOVAMENTE O PODER.
E O PREÇO A SER PAGO SERÁ ENORME - PARA VÁRIAS GERAÇÕES.
RESISTAMOS! SOCIALIZEMOS NOSSA INDIGNAÇÃO! A ALIENAÇÃO SERÁ O PIOR DOS MALES;
"ELE NÃO"!
(Brasília, 6 de Outubro de 2018)



terça-feira, 2 de outubro de 2018

ESCRAVIDÃO


SEGUINDO ESSES PASSOS, O GOVERNO  REVOGARÁ A LEI ÁUREA?
                                          (ESCRAVIDÃO)
                            
Muitos já sabem: o governo baixou uma portaria que barra a punição de empresas que submetem trabalhadores  a condições degradantes.
O documento foi publicado no Diário Oficia em 16 de outubro de 2017
O que ele pretende?
Ganhar os votos da chamada bancada ruralista – muito forte no Congresso – para barrar a segunda denúncia do ex Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, apresentada à chamada “Casa do Povo” (sim: do povo).
É um governo medíocre, impopular, com os maiores índices de rejeição de quase toda história republicana.
É um governo fraco, subserviente, defensor das piores causas, que não aguenta qualquer tipo de pressão, e que não tem força para “estancar a sangria” (usando as palavras de um dos seus líderes no Senado, com a intenção de acabar com a Operação Lava-Jato).
Campeão – não só da impopularidade –, mas que precisa, desesperadamente, “segurar”a chamada base aliada.
Necessita “agradar” (creio que o verbo usado será facilmente entendido)  à bancada da bala, da bola, ruralista, evangélica etc.): é um governo muito fraco, submetido a todas às chantagens e  pressões, que não administra coisa alguma –  apenas se defende.
Teria fibra ou ética, um governo desse gênero?
Michel Temer sabe fazer bem uma só coisa: TERCEIRIZAR AS SUAS RESPONSABILIDADES. A culpa é sempre do outro, como quando disse, em discurso: “Tenho sido vítima de torpezas e vilezas.” (...)
A necessidade de combater intensamente o trabalho escravo é algo fundamental à Civilização.
No Brasil, tal busca, é mais forte ainda, diante de nossas raízes escravocratas.
Mas qual é a nova regra?
A Portaria determina que, a partir de agora, só o Ministro do Trabalho, pode incluir empregadores na Lista Suja do Trabalho Escravo, esvaziando todo o poder da área técnica  responsável  pela relação.
“A nova regra altera a forma como se dá a fiscalização, além de dificultar a comprovação e punição desse tipo de crime”.
Mais: na maior mudança na área, desde a implantação do programa de combate escravo, em 1995, a Portaria 1.029, assinada pelo ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira, contraria resolução  das Nações Unidas ao prever que o trabalho forçado só será caracterizado sem o consentimento do trabalhador.
Antes, poderia considerar que um trabalhador estivesse em regime análogo à escravidão, mesmo que ele aceitasse a proposta de trabalho só por comida..
“A nova norma acaba com a autonomia dos fiscais do Ministério do Trabalho”.
É um retrocesso enorme.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do  Trabalho (MPT)  pediram também a suspensão da Portaria

A Organização Mundial do Trabalho (OIT), órgão das Nações Unidas emitiu uma nota oficial, em 19 de outubro de 2017, criticando a mudança nas regras de fiscalização do trabalho escravo no Brasil.
A repercussão internacional da medida, está sendo desastrosa para o Brasil – mais uma vez: país do desemprego, país da corrupção,, e agora a regressão imposta pelo Portaria, que abre – mais ainda –condições para o aumento do trabalho escravo no Brasil
Senhor Presidente: o senhor sabe o que significou a escravidão para o Brasil e para o mundo.
Que o país que o senhor “governa” foi o último a abolir a escravidão nas Américas?
E que essa dolorosa marca ainda persiste em nossos dias?
(Salvador, Bairro a Graça, outubro de 2017)

Emanuel Medeiros Vieira

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O FORO PRIVILEGIADO

“O foro privilegiado é uma exceção não justificada no sistema republicano e sua extinção urge”
(EDSON FACHIN - ministro do STF, no Fórum de Juízes Federais em Porto Alegre)
  
   O foro privilegiado - como é utilizado hoje - transformou-se  em um deboche à cidadania.
   É um estímulo à impunidade.
   É claro que sua instituição visava, entre outras razões, proteger o espírito democrático, a liberdade de opinião, da palavra etc. Não tinha a intenção de assegurar a tradicional impunidade dos  poderosos.

   O Foro privilegiado eleva, de uma maneira abissal, a tremenda desilusão do povo com a classe política (uma das piores de toda a nossa História) e demais  “autoridades protegidas”.

   A Constituição assegura a imunidade parlamentar.
   No dia 11 de outubro de 2017, o STF decidiu por 6 votos a 5, que o Congresso precisa dar aval  a medidas cautelares que afetem o mandato parlamentar.
   A decisão terá impacto direto sobre o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
   O Senado votará se o tucano (de “nobre plumagem “), deve permanecer afastado do mandato ou não.
   O Foro Privilegiado virou garantia de imunidade para criminosos travestidos de representantes do povo.
   Para a presidente da Corte, Carmen Lúcia, a lei é para todos, mas quando for aplicada, mesmo em casos penais, “o Congresso deve ser ouvido se o acusado estiver com o mandato ameaçado“.

   O sentimento generalizado é de que a “imunidade consagra a impunidade, que o foro privilegiado virou um privilégio escuso,  que institui dois destinos para autores dos mesmos crimes: o dos cidadãos e dos detentores de mandato”.
   Como alguém bem observou , a votação no STF faz constatar que “a interpretação da lei no país muda conforme a pessoa  em questão”.
   O Tribunal votou “temendo uma crise institucional, e com o voto de minerva da presidente do Supremo. Essa não é a melhor forma de fazer prevalecer o Direito”.
   Foi mais um típico arranjo de nossas classes dirigentes, consagrando de vez o primado do “jeitinho” e da esperteza – contra a verdade, a República e a esperança.
   Tanto “latim” gasto para parir um rato - excetuando-se os  ministros que foram fiéis às suas convicções.

   Às vezes, entendo o que dizia  Vladimir Lênin,  líder da Revolução Russa: “Advogados? Nem os do Partido”.
(Salvador, Bairro da Graça,  outubro de 2017)

Emanuel Medeiros Vieira

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

NÃO AO OLVIDO

NÃO AO OLVIDO
(PARA NÃO ESQUECERMOS)

Hoje (11 de setembro de 2018) faz exatamente quarenta e cinco anos do golpe milita no Chile, perpetrado por Pinochet e seus sanguinários seguidores  contra o governo democrático de Salvador Allende.
Quantos seres humanos ­  entre eles, muitos brasileiros -  foram torturados e mortos naquele país?
MERECEM – é o mínimo possível – QUE NUNCA ESQUEÇAMOS DELES.
QUEM SE LEMBRA?

Sei que caio na redundância, mas é preciso repetir, pois poucos parecem escutar.
Se “ninguém escuta”, é necessário continuar falando, pregando  ­  nem que seja no deserto.
COMO VAMOS CONSTRUIR A JUSTIÇA SEM A MEMÓRIA DA INJUSTIÇA?

No Brasil, a Lei da Anistia completou 39 anos em 28 de agosto deste ano.
E o que ocorreu nesses quase 40 anos, não é compatível com as normas internacionais dos direitos humanos.
Como observa Rogério Sottili, “a interpretação que prevalece nos tribunais nacionais até hoje considera que as graves violações de direitos humanos e crimes cometidos na ditadura são crimes políticos”.
Ele complementa: “Essa leitura impede as investigações e garante a proteção aos torturadores do regime militar. No entanto, esses crimes são por natureza imprescritíveis e inanistiáveis”.
É uma espécie de impunidade cristalizada, como se houvesse no Brasuil uma licença para matar.
“O Judiciário brasileiro, liderado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem se esquivado de cumprir suas obrigações”, complementa o autor.
A tarefa incompleta de se democratizar o país é indissocíavel da necessidade de se garantir justiça a todos os que sofreram a violência do Estado.
É fundamental umaa nova intepretação da Lei de Anistia, “que esteja alinhada aos direitos humanos e às normais internacionais”.

(Brasília 11 de setembro de 2018)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

sábado, 1 de setembro de 2018

CANCELLIER

CANCELLIER
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
PARA O MEU AMIGO LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
Poema nenhum nunca mais,/será um acontecimento;/escrevemos cada vez mais/para um mundo cada vez menos,/para esse público dos ermos/composto apenas de nós mesmos,/uns joões batistas a pregar/para as dobras de suas túnicas/seu deserto particular,/ou cães latindo noite e dia,/dentro de uma casa vazia
              Alberto da Cunha Melo (1942-2007)
Foi em Porto alegre que  avisaram-me:  havias partido.
Sem computador, na semana final de um tratamento – onde também jogo uma partida de xadrez com a morte –, como no filme de Ingmar Bergman (“O Sétimo Selo”) – fiquei internalizando a notícia, meditando sobre a vida e a morte, a amizade, sobre as utopias que moveram nossas gerações, e também sobre as aves de mau agouro que caíram sobre o país desde a Colônia.
Eu  era  treze anos mais velho que tu. Tinhas 59. Eu: 72
Pensei em Albert Camus, para quem o único problema filosófico relevante é o suicídio.
(Cito de memória – meus perdões por não ser rigorosamente fiel).
E  lembras do “Candanguinho”, o fraternal colégio – dos começos  da vida ao antigo quarto ano primário? Minha filha Clarice nasceu em 1986, eu tinha já 41 anos.
O amigo foi pai antes.
E foi maravilhoso lá te encontrar com teus filhos (sinceramente, não lembro se foi só um), que também estudavam lá,  e conversávamos todos os dias. Sobre o país, a “abertura”, a literatura, tudo. Eu pegando a “pequena” (Clarice) e tu os teus (ou o teu).
Não sou adepto de “fakes news” e fico um pouco envergonhado em não fornecer a informação precisa.
Não há “verdade alternativa”. Só há verdade e mentira.
No país pelo qual tanto lutamos, a hegemonia é da mentira. Parece um apito do diabo.
E a mentira parece imperar em nosso mundo desolador, árido e sombrio
.
Não: nunca foste árido, árido ou sombrio. Mesmo quieto, eras solar.
Talvez só no final. Só após a bofetada da injustiça.
(Olho oo manuscrito que comecei a escrever em Porto Alegre, com a minha horrível letra.)
Lembras – antes de eu ir para Brasília – quando eu e o Adolfo Luiz Dias e tu, e fomos de carro a Brusque?  Havia lá um pessoal que estava batalhando intensamente pela cultura, com jornais alternativos e outros atalhos para poder respirar na ditadura.
Outros lutavam na Ilha, como o meu amigo Celso Martins.
No dia em que fomos, havia em Brusque uma Feira do Livro – a poeta Inês Mafra era uma das líderes.
Conversamos muito sobre convicções: raízes cristãs, marxismo (minha opção anterior foi pela AP – Ação Popular). Lembro que muitos amigos  aderiram ao velho e bom Partidão.
Talvez eu tenha sido uma exceção, mas me dei bem com todos, como o querido Roberto  Motta, o Jarbas Benedet,  o Aristeu Rosa, o  Cirineu Martins Cardoso,  o Luiz Fernando Galotti, o Alécio Verzola e outros. Perdoem os que não citei – fiz questão de só lembrar dos mortos.
Já fiz tanto obituário. Só queria dizer: “Adeus, meu amigoDescansa em Paz!”
Farás muita falta ao Humanismo e à UFSC.
E creio que só posso pedir que acreditem em mim, se previamente eu acredite naquilo que falo e escrevo. É o que na Ação Popular chamávamos de autenticidade.
Então: não há luta justa, se os valores e ações não forem justos.
Temo s tipos messiânicos  que se consideram salvadores da Pátria.
Que têm o monopólio da virtude (acham que têm).
Não peloi é pelo espetáculo midiático, circense, operístico – carregado de vaidade e narcisismo – que alcançaremos a Justiça e a Democracia.
É claro que ABOMINO A CORRUPÇÃO.
Não estou demonizando operações que investigam e prendem antigos e novos malfeitores e bandidos da Pátria.
Falo dos que não conseguem fazer nada sem a construção do espetáculo midiático.
Nós todos passaremos. Mas o Brasil ficará.
Porto Alegre e Salvador, outubro de 2017

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

AGREGAR

AGREGAR

“Não Matarás”: não basta.
Teu mandamento será este: farás tudo para que o outro viva.
É vero sim o que quero:
não me importa o estoque de teu capital, Brasil,
mas tua capacidade de: amar
lavrar
aspirar
compreender.
Esse estatuto de miséria não é o nosso,
e a tecnologia da última geração não me sacia:
meu coração navegador quer mais.
A Ética – cuspida, debochada, no reino do simulacro,
Virou produto supérfluo porque não tem valor contábil.
Tempo dessacralizado e sem utopia:
a esperança é um cavalo cansado?
A aventura acabou no mundo?
Seremos apenas meros grãos de areia na imensa praia global?
Habitantes de um mundo virtual neste mercado sem cara?
Soará pomposo, eu sei:
não deixemos que nos amputem a alma
(e que acolhamos o outro).
Ser gente: não mera massa abúlica, informe, com os olhos colados
no retângulo luminoso de todas as noites.
O tempo é apenas dos alpinistas sociais?
Sou bom porque apareço, não apareço porque sou bom.
Na internet, a solidão é planetária.,
mas do abismo – fragmento – irrompe um menino eterno,
e sentes o cheiro de uma manhã fundadora.
(A Morada do Ser é mais importante que o poder/glória.)
E o poema resiste,
singra a eternidade,
despista a morte,
seu estatuto não é mercantil.
Já não esqueces o essencial:
Na estrada de pó e de esperança, acolhes o outro.
*Este texto obteve o Primeiro Lugar no Concurso Nacional de Poemas,
promovido pela Associação de Cultura Luso-Brasileira, de Juiz de Fora,
Minas Gerais, sendo contemplado com a Medalha de Ouro “Jacy
Thomaz Ribeiro.”

Emanuel Tadeu Medeiros Vieira

domingo, 19 de agosto de 2018

APRENDI

APRENDI
                  EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
“APRENDI QUE NÃO POSSO EXIGIR O AMOR DE NINGUÉM. POSSO APENAS DAR BOAS
RAZÕES PARA QUE GOSTEM DE MIM  E TER PACIÊNCIA PARA QUE A VIDA FAÇA O RESTO”
                                   (WILLIAM SHAKESPEARE)
“ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO CINZENTO, OBSCURO. E É IMPORTANTE ALGO QUE N0S CONFORTE (...). NÃO SINTO-ME  REPRESENTADO POR NINGUÉM
                                (SELTON MELLO)
                         (Ator e diretor de cinema)
        “NÃO SOMOS SALAFRÁRIOS. SOMOS EXCELÊNCIAS
                (DEPUTADO JÚLIO LOPES – PP-RJ)
Esfarela-se  o tempo e a sensação (no inconsciente coletivo) é de falência das utopias, de miséria espiritual, de degradação de valores, de descrença quase absoluta na transformação do país pela via institucional.
(É claro que não estou falando em luta armada. De novo? Não.)
Saquearam o país. É um tempo no qual os “piratas” mais fortes fazem tudo o que não é lícito  para manterem-se no poder.
Isso é novo? Sempre existiu?
 Talvez não tenha ocorrido com tanta desfaçatez e falta de cerimônia.
Muitos já buscam outros caminhos, como a Espiritualização em diversos igrejas ou cultos.
Ou caem no cinismo: “São todos iguais” – em um nivelamento geral por baixo.
O deputado citado acima, que votou a favor da absolvição de Temer contra a denúncia da Procuradoria-Geral da República, diz que ele e outros não são salafrários (poderia dizer velhacos, patifes). São excelências –  garante.
Ou será que aquilo que ocorreu naquela noite de horror, no fundo, seja uma metáfora da sociedade brasileira?
Da cultura do jeitinho, da valorização da “esperteza” (não da criatividade), do hábito de atravessar sinais vermelhos, de ocupar vagas de idosos e deficientes, de furar filas, de ter a volúpia do calote – de uma cultura que quer tudo sem esforço e renega o mérito?
Dos idiotizantes programas de auditório, do xingamento e ferocidades nas redes sociais?
E o tempo não cessa, na angústia da ampulheta que não para de escoar areia, em uma sucessão interminável de instantes – como tantos já constataram (nada digo de novo).
Posso deixar de interessar-me pela Política, mas ela não deixará  de se interessar por mim.
Nosso olhar é medido pelo olhar do outro.
É preciso que nos encantemos com as coisas simples e belas do cotidiano – é necessário construir o destino que só a nós pertence.
Tudo que não tem valor contábil parece repudiado pela sociedade na qual vivemos: amizade, amor etc. (mas sem eles, nossa vida fica pobre, carregada de penúria amorosa e espiritual).
Sem querer ser piegas, nota-se um déficit de ternura no mundo (não só nas contas do governo...).
Não há internet ou geringonça eletrônica que sacie.
Estão todos insatisfeitos e muitos procuram, desesperadamente, o caminho da celebridade.
Fútil, vã – também passageira.
Troquei de assunto? E por que citei Skakespeare numa das epígrafes?
Não sei: talvez, para dar um alento à aridez do mundo, para tentar reconquistar algum espaço para a esperança – ou para utopia.
Mas, afinal, o que quis dizer?
Que cada um exerça plenamente suas convicções, seguindo o imperativo categórico kantiano: fazer o bem.
Somos meros grãos de areia na imensa praia global? Somos.
Mas algo –– sempre poderemos fazer, seja na “arma” da palavra ou em outra atividade, sem buscar álibis compensatórios (que sabemos ser mentiras)*
*EM TEMPOAqui vai nossa modesta solidariedade ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot – homem de bem, devotado ao seu digno trabalho, competente e pessoa de caráter – que tem sido atacado de maneira vil e ferozmente por gente que conhecemos: os eternos defensores da impunidade para o “andar de cima”, para os poderosos que mandam no país desde o seu descobrimento.
Um dos furiosos atacantes é ministro do STF – que alguém qualificou de “Rasputin do PSDB” – vaidoso ao extremo, que adora um holofote, e ama falar fora dos autos.
Não me esqueço do que disse dele o ex-ministro Joaquim Barbosa: “Não tenho medo de vossa excelência nem dos seus capangas”. Nem nós.
 (Salvador, agosto de 2017).